domingo, dezembro 23, 2007


Meus queridos amigos,
Graças aos feriados de fim de ano só voltarei a postar em 2008.
Mas os deixo com um presente de Natal,espero que goste.Feliz Natal para todos,como sempre agradeço o carinho,a companhia, a força que todos me passaram este ano que segue rumo ao fim.Que 2008 seja plena de Alma e Sangue! Beijos Mordidos!Seja bem vindo 2008!



Uma Noite Especial-Kara e Jan Kmam
Por
Nazarethe Fonseca

Todos os direitos reservados a Autora®

-Sabe que dia é hoje?-Kara perguntou fitando a noite lá fora,a alegria nas ruas.
-Sim,Natal.-Jan respondeu lendo o jornal “Le monde”.-Quer sair um pouco,ver os fogos a meia noite?
Jan Kmam a notava melancólica há dias, o mês de dezembro sequer havia começado e a viu numa vitrine olhando os enfeites, fitando as árvores de Natal decoradas. Era seu primeiro Natal como vampira.
Resolveu nada comentar, não fez nenhuma observação a deixou livre para escolher o que realmente desejava fazer. Ela precisava dar o primeiro passo, tinha a escolha de participar ou simplesmente excluir-se. Jan Kmam esperou dando liberdade, não iria forçar seu desenvolvimento, não ele, que tantos anos caminhou sozinho, dentro da escuridão da cidade somente observando o mundo inteiro comemorar em meio a familiares, amigos. Não pertencia mais ao mundo dos mortais, porque deveria imitar-lhe os gestos?
Dentro da imortalidade somente fica a solidão, as noites intermináveis, aquela era somente mais uma. Para ele que a viu de todas as cores e formas, o que importava era ter sua mão para segurar entre as suas, poder dançar abraçado a ela, ouvi-la sorri, esta perto quando a manhã chegasse. Ele não estava mais sozinha, podia esperar mais um ano ao seu lado,podia viver eternamente ao lado da vampira que amava.
-Podemos?
-Claro que podemos, nós podemos quase tudo. -disse olhando-a melancólica, quieta. -Tenho algo para você. -disse rendendo-se, afinal a amava e para vê-la feliz fazia qualquer coisa,até mesmo preparar-se para o Natal.
Jan soltou o jornal e foi para a biblioteca e quando retornou trazia uma caixa nas mãos. Depositou a caixa no chão e viu Kara aproximar-se, assim que abriu a viu sorrir.A caixa estava cheia de enfeites de Natal,até mesmo uma árvore para montar.Kara o abraço e beijo longamente e começou a fazer o que sempre fez,o que certamente demoraria a deixar para trás,agiu como uma mortal,enfeitou o apartamento,enquanto Jan a ajuda vendo-a quase renascida,feliz.
Quando a árvore estava completamente decorada Kara a olhou, as luzes pequeninas e sorriu tristemente. Jan Kmam a abraçou e, pois a estrela no alto.Ficaram olhando-a por um longo tempo abraçados.
-Eu sei que tirei muito de você Kara,mas eu não poderia permitir que morresse,eu te amo demais,não suportaria novamente te perder,fui egoísta...
-Eu não me arrependo, eu te amo tanto. Por favor, Jan...Entenda ainda sinto falta de tantas coisas...
-Jamais senti arrependimento em seu coração. Tudo que sinto é o seu amor me rodeando,me cobrindo como um grande coberto de retalhos,onde cada um dele é um momento único entre nós dois.-afirmou acariciando seus cabelos cacheados.-Eu compreendo o que sinto,pois também me senti deste modo.
-Não quero perder esses momentos, quero tê-los com você e não me importa que isso seja mortal e tolo.-ela segurou o rosto de Jan Kmam e prosseguiu.-Os valorizo,acho que sempre valorizarei, porque todos eles, estes doces momentos nos pertencem. Não vou me excluir do mundo porque me tornei imortal, o mundo agora me pertence e eu o sinto completamente.-dizendo isso o abraçou forte.
-Quando a trouxe para a imortalidade eu imaginei que era especial,mas jamais sonhei que me fizesse sentir novamente humano.Mas veja só,você conseguiu.-dizendo isso a beijo longamente.
-Escute.-Kara pediu pondo sua mão no peito do amante.-Ele esta batendo assim como o meu,é amor.-disse apertando-o nos braços,escondendo o rosto no seu pescoço,nos seus cabelos soltos.-Te amo demais para lamentar o que perdi,só quero entender,aprender.
-Quero que feche os olhos e me espere bem aqui.-Jan pediu junto ao seu ouvido.-Tenho algo para te dar.
Jan se afastou e sumiu dentro do quarto.Kara aguardava junto a árvore de olhos fechados,impaciente,querendo abri-los,tentando descobrir o que seria.
-Jan?
-Espere Kara, não abra os olhos.-pediu aproximando-se devagar.
-O que é? Vamos diga. -pediu risonha.
-Estenda as mãos e segure com cuidado e abra os olhos. - Jan explicou.
Kara segurou o objeto com cuidado e abriu os olhos. Ali entre seus dedos, uma caixinha de música, dentro dela um casal vestido ricamente, como a séculos atrás, protegidos, cobertos pela frágil camada de vidro. Ela girou a pequena manivela e logo a música deles tocava suave enquanto o pequenino casal se movia mecanicamente.
-É linda, Jan.-Kara falou beijando seu rosto emocionada.
-Somos nós dois. -disse segurando-a junto com Kara.-Sempre estaremos assim juntos, felizes, dançando.Dentro de nosso mundo.
-Tenho algo para te também. -ela dizendo isso pegou um saquinho de veludo do bolso e passou a suas mãos.-Não sabia se poderia te pedir que usasse.-falou timidamente.-Espero que goste,que caiba.
Jan Kmam despejou o conteúdo na palma da mão e viu a bela aliança e sorriu emocionado. Kara pegou a aliança feita de prata e ouro e olhando dentro de seus olhos de turquesa e tentou a colocar no dedo médio de Jan,mas não deu,ele sorriu e estendeu o dedo mindinho.A aliança ficou perfeita,Kara beijou-lhe a mão e imediatamente ele a enlaçou nos braços e a beijou longa e apaixonadamente,enquanto ela retribuía,murmurando o quanto o amava,ouvindo seu coração batendo forte de encontro ao seu peito delicado.
-Jamais vou tirar. -ele disse beijando a aliança,e finalmente a mão de Kara onde repousava a aliança que ele lhe presenteou meses atrás.-Dance comigo.-pediu suave.
-Sempre.-Kara murmurou pondo a caixinha de música sobre a mesa,para que juntos pudessem dançar.
Sorriam felizes, enamorados, enquanto a música suave e delicada os conduzia, mas eles ouviam uma musica mais forte e mais alta, a do som de seus corações apaixonados, felizes. Enquanto bailavam o relógio anunciou a meia noite e lá fora além da janela os fogos iluminaram o céu de Paris.
-Feliz Natal Kara.
-Feliz Natal Jan Kmam.
Abraçados ficaram diante da janela viram a noite encher-se de cores e luzes, mesmo ali eles podiam ouvir os sinos de Notre Dame anunciando por mais uma vez em quase dois mil anos o nascimento do filho de Deus.

sábado, dezembro 15, 2007



(Montmartre Brumas)
Kara e Jan Kmam
Por
Nazarethe Fonseca
Todos os direitos reservados a Autora®

Capítulo VI – Corações Partidos.



Tenho certeza, foram dois meses depois da queda. Caminhava pelo La Vallée outlet shopping um aglomerado de lojas para todos os gostos, meu local favorito para fazer compras. Afinal encontrava Kenzo, Mariella Burani, Tommy Hilfiger, Armani, Blanc Bleu, Versace, Cacharel, Ferre e por trinta por cento mais baratas que nas lojas tradicionais. Algo que não recusava, Jan deixava-me a vontade para gastar quanto quisesse, dinheiro não era problema,mas estranhamente gostava de economizar. Tinha destino certo a Calvin Klein estava precisando de lingerie. Havia me alimentado cedo, fiz uma maquiagem leve, afinal às vendedoras são muito observadoras. Sequer sai da primeira loja senti uma tontura. Toquei a cabeça e busquei o motivo, nenhum aparente.
Andei alguns metros e senti outra mais forte. Esta me fez recostar à parede de uma loja, arquejei sem ar, enquanto imagens tomavam minha mente,meus olhos, minha mente.
“Via-me correndo em fuga pela rua escura,descalça,estava apavorada, podia sentir a seda negra do meu vestido pesando, os cabelos soltando-se do penteado. O rosto ferido, o ventre dolorido, sangrento. Nesse momento senti um forte golpe sobre os ombros. O vampiro de cabelos lisos e negros, os olhos escuros, traços cruéis e face demoníaca atacavam-me com extrema violência. Ele me fez fitar sua face segurando-me pelos cabelos, enquanto gritava. Era arrastada por ele enquanto suplicava por minha vida. Fui encapuzada e posta dentro de um saco sem cuidado algum. Sentia o corpo ferido, fraco. Uma hora depois fui retirada da carruagem, a essa altura já podia sentir o cheiro do mar, o som das ondas.O saco foi lançado sobre a areia úmida sem cuidado algum, a estopa suja foi rasgada com uma faca que feriu meu ombro...”
Sem que desejasse, chamei a atenção de um homem que saia da loja onde estava parada. Andei cambaleante e tentei atravessar a rua estreita. Toquei a cabeça, ela latejava, doía. Meus olhos deveriam estar dilatados. A visão prosseguia sem que pudesse deter sua força...
“O capuz cobrindo minha face me sufocava deixando-me a mercê do vampiro, minha agonia era tremenda. Finalmente quando o capuz foi retirado vi a escuridão do mar às ondas batendo em meus pés. Fui empurrada ao chão, a água salgada atingiu meu rosto ferido. Tentei correr e novamente,mas dois vampiros surgiram e me cercaram fui espancada e levada para areia e presa sobre uma espécie de mastro.O vampiro que me capturou se aproximou,ele sorria de minha agonia.E mostrou-me um martelo e dois cravos.O som das marteladas tinindo em minha cabeça. Minhas mãos doíam...”
-Senhora...? -o homem que me viu vacilar próximo a loja me seguiu atento. -A senhora esta bem?
A essa altura segurava a cabeça com força e o martelo zunia em meus ouvidos. Senti sangue escorrer de meu nariz. O homem percebeu e me segurou pela cintura, e ele viu meu rosto, meus olhos, os caninos. A essa altura as pessoas nos cafés observavam a cena com interesse, o afastei, mas na verdade o joguei num empurrão violento para o outro lado da calçada. Sentado no chão, ele não conseguia desviar os olhos dos meus. Ajoelhada, com o cabelo cobrindo parte de minha face percebi que ele me via como vampira. Não foi uma das melhores coisas que já viu. A máscara da “falsa mortalidade” havia sumido, debaixo da dor que sentia. Enquanto buscava respirar, o coração doía. O sangue escorria de meu nariz, sobre os lábios.
-Deixe-a Thierry, não vê que é uma maldita viciada. -outro jovem surgiu e ajudou o homem caído no chão.
-Não, não, ela não é drogada. -o homem repetia, me olhando nos olhos completamente fascinado, confuso.
E somente com ajuda do amigo se, pois de pé.
-Chame a policia. -o jovem gritou para o amigo do outro lado da rua.
A essa altura havia me tornado o centro das atenções, todos me observavam caída e isso me aborreceu.Enquanto todos sussurravam levantando as mais diferentes hipóteses, e me dirigiam olhares cheios de nojo, desagrado, a rua se enchia de curiosos. Nas lojas próximas as pessoas olhavam através das vitrines. Minha cabeça parecia pronta a explodir, sabia que precisava sair dali, ou teria problemas. E sem que pudesse deter minha raiva ergui a cabeça e gritei, os espantando e conseqüentemente quebrando todas as vidraças da rua.
Uma chuva de cacos cobriu as pedras polidas, enquanto todos se abaixavam acreditando ser uma explosão. Um segundo depois os olhares aflitos, assustados buscavam-me no meio da rua e tudo que encontraram foi o vazio.
Refugiei-me no alto de um prédio e tentei compreender o que havia acontecido. Lembrei da face do vampiro e tive muito medo, quem seria ele. Seria alguém do passado, o futuro? O que fora aquela estranha visão. Seria comum? Normal sendo vampira ter tais visões. Jan jamais comentou ter algo assim... Senti sua presença e tentei fugir,mas ele estava muito perto. O cabo de minha espada estava à mão, a seu menor gesto de violência, agiria.
-Não tenha medo.- a voz do vampiro as minhas costas me fez recuar e esperar.
-Não estou com medo.-respondi realmente segura.
-Então qual o motivo de esta segurando o cabo de sua espada?
-Eu o conheço?-quis saber bancando a vampira inabalável. -O que deseja se aproximando?-perguntei esperando seus movimentos.
-Conversar. -o vampiro sugeriu despojado.
-Compre um papagaio. -Kara sugeri seca.
-Você é bastante insolente para os poucos anos de imortalidade que carrega. -ele disse provocador.
-E você bastante obtuso para os séculos que carrega,Bruce.-eu consegui captar seu nome por uma brecha de sua mente.
-Achei que fosse diferente,mas realmente me surpreende saber meu nome,ou tê-lo lido em minha mente. -começou Bruce.-Afinal, tem como mestre Jan Kmam,não podia ser diferente.-ele me avaliava,enquanto me rodeava a distância.-Você não mudou muito.
-Não pode me avaliar,não me conhece.
-Jan certa vez deixou que a visse,quando era cega.
-Jan certamente deixou que visse Thais,eu sou Kara,é diferente...
O vampiro gargalhou alto e tocou os cabelos de modo sensual.E fitou meu aborrecimento.
-Teimosa sei que é,tola jamais.
-O que deseja Bruce?
O vampiro caminhou até mim e por um momento acreditei que nada diria, pois fitou a rua metros abaixo e apontou algo.
-Veja,seu Sentinela.-ele riu.-É um dos melhores e agora compreendo o motivo.-ele falou com o dedo sobre os lábios sedosos cheios.-É uma perola muito rara e preciosa.
Ele estendeu a mão muito depressa e tocou meus lábios. Senti a carícia tarde demais para detê-lo, mas em retribuição coloquei a espada debaixo de seu queixo.
-Não ouse me tocar novamente.
Por alguns segundos pareceu somente pensar, hesitar. Por fim ergueu as mãos num gesto de que fora vencidos e recuou, numa clara demonstração de que se manteria distante. Mas ele não estava aborrecido, na verdade recebi um olhar atento, de certo modo, saudoso, terno. Subitamente o vampiro pareceu mais distante, a beleza do mortal que um dia Bruce possui, surgiu diante de meus olhos. Bruce não estava disposto a lutar, pude sentir que precisava me revelar algo importante. Então, quando falou novamente resolvi ouvi-lo:
-Conheço Jan Kmam- falou sincero.-Fomos apresentados na noite que se tornou favorito do rei. Chegamos a ser amigos, e quando ele foi dado como morto em 1872, estava na Itália. Soube do acontecido através de um conhecido em comum,o rei Ariel Simon,você o conhece?
-Não,não o conheço.Não é permitido.
-Vejo é que uma pupila aplicada.-brincou.-Confesso, fiquei entristecido.-Há alguns anos soube que ele havia reaparecido e vivia em Paris com uma jovem pupila. -parou por uns minutos. -Você certamente, Rose Blanche.-murmurou cordial me chamando de “rosa branca”.
-Por favor, me chame de Kara.-pedi observando semicerrar os olhos.
-Compreendo. -sopesou. -O visitei recentemente, na verdade saímos juntos, Kmam chegou a comentar?
-Jan Kmam tem muitos amigos, entretanto, conheço somente alguns deles. -afirmei realmente lembrando de algo parecido, talvez uma carta com o nome “Bruce” escrito em uma linda caligrafia. Voltei minha atenção ao vampiro e esperei que prosseguisse.
-Bem, Kmam me falou de sua presença na vida dele, dos tempos felizes que estava vivem depois de tudo. Mas não sonhei com apresentações, conhecendo Jan, imaginei que teria ciúmes.
-Deve saber que não é costume exibir vampiros recém gerados. -o lembrei.
-Conheço as leis, tão bem quanto conheço o temperamento de Jan Kmam. -murmurou sorrindo, mas não viu retribuição de minha parte. -Deve se perguntar por que a procurei. -ele estava ali com um objetivo.
-Prossiga. -fui dura como Jan Kmam me havia ensinado a ser com estranhos.
-Quero que veja algo. Ou melhor, alguém.Venha comigo.-convidou.
-Não é prudente e além do mais porque deveria confiar em você?
-Confia em Jan Kmam.Não é mesmo?
-Sim.-disse sem hesitar .-Ele é meu amante,meu mestre o vampiro que amo.
-Hoje você aprendera a confiar somente em si mesma.-Bruce afirmou sincero.-Apenas deixe que lhe mostre a verdade,que lhe dê a chance de fazer uma escolha.-ele falava por enigmas.

SEGUNDA PARTE

O segui, e certamente fiz algo condenável, ele poderia estar mentindo, e atacar-me, me ferir, era mais velho e poderoso. Mas precisava desmenti-lo, ri dele ou talvez simplesmente me deparar com a verdade. -Por quê?.-Talvez já houvesse percebido, ou simplesmente sentido com meu coração que ainda batia. O fato, é que, as palavras de Bruce me perturbaram, precisava ver com meus próprios olhos. Andávamos o tempo todo invisíveis aos olhos humanos, uma recomendação do vampiro, e quando paramos a casa simples e bonita surgiu. Notei o jardim bem cuidado, senti o cheiro da mortal, o sangue de seus dedos nos espinhos das rosas... Bruce tocou meu ombro e juntos, ocultos, esperamos algo que jamais imaginei ser possível.
Fui avisada pelo vampiro a manter a mente longe de Jan Kmam,era necessário,afinal ele estava se expondo a um grande risco.O desfecho de sua revelação poderia lhe custar a cabeça. Cinco minutos depois o vi chegar, era realmente Jan Kmam e a partir daquele momento tudo que desejava eram respostas.
Jan Kmam passou pelo portão tranqüilamente, não como o vampiro que se esgueira para pegar uma vitima,mas como alguém que já conhece a casa. Pegou a chave debaixo do gnomo e entrou. Nesse momento fui contida por Bruce,pois queria grudar-me nas janelas e ver o que se seguiria. O vampiro pediu que colocasse meus pés sobre os seus. Assim que o fiz,saímos do chão,na verdade, levitávamos dentro da escuridão. E ali no alto, curiosa e ao mesmo tempo fascinada com o poder apresentado por Bruce,esperei. Ele apenas me segurava junto a ele, enquanto esperávamos.
Uma jovem mulher apareceu, a cabeleira loira chamou minha atenção, o corpo sedutor, jovem. Jan Kmam surgiu atrás dela, na verdade ela o puxava pela mão, enquanto sorria, a acompanhar para o quarto.Em sua face desejo, fome, até mesmo carinho...Antes que chegassem a cama ele a conteve,a abraçou e beijou.Meu coração parou de bater,não conseguia respirar,mas ali no alto sustentada por Bruce senti meu corpo tremer.
O beijo longo, as carícias, o modo como a mortal cedia a Jan Kmam estava longe de ser somente sua “vitima”.Ela era algo mais, uma escrava de sangue, amante? Ele a despiu e um soluço magoado escapou de meus lábios. Bruce me segurou forte e quis afastar-se,mas não deixei:
“-Não!Deixe-me!Eu preciso ver.”-falei mentalmente.
Nua e lânguida, de pé a frente do vampiro ela esperou,enquanto ele a satisfazia,acariciando-a dando-lhe prazer. Mordida, os gestos carinhosos, a mão deslizando por sua cabeleira loira, sua face...O seu rosto!Toquei minha face e solucei novamente. Por um instante Jan Kmam parou, como se houvesse levado um puxão no corpo. Ergueu a cabeça, fitou o vazio além da janela. Mas a essa altura estávamos longe.
Bruce levou-me para um prédio abandonado a algumas quadras e me soltou, afinal o empurrava furiosa. Livre de suas mãos andei a esmo pelo quarto e por fim peguei uma das cadeiras e lancei sobre o velho guarda roupas a minha frente.
-Kara,acalme-se!-Bruce pediu, enquanto a via quebrar tudo a sua volta completamente enfurecida.
A vampira surgiu,Kara enfurecida, a libertou os olhos dilatados, as presas surgindo entre os lábios entreabertos. Por fim, a viu cair ao chão e soluçar. Bruce se aproximou e a tomou nos braços, Kara deixou-se ficar e por longos minutos apenas chorou sua dor. Não conseguia pensar em nada, só sentia o coração doer, como se nele houvessem cravado uma estaca. Subitamente empurrou Bruce e antes que ele pudesse detê-la Kara sumiu,saltou pela janela e desapareceu dentro da noite.

Continua...

Cena do próximo capítulo...

-Onde ela está?-Jan Kmam perguntou a Asti quase louco,enquanto Otávio apenas os observava mudo.
-A vi próximo ao Cemitério de Montmartre,mas ela não se deteve, sumiu diante dos meus olhos como se fosse uma vampira de quinhentos anos!-queixou-se,preocupada com Jan.-Nao consegui senti-la,seguir seus passos,sinto muito.O que aconteceu?
-Eu não sei.-ele realmente não supunha saber.-Ela simplesmente não voltou para casa,sumiu a três dias.-Jan Kmam andava de um lado a outro,estava na casa de Otávio.-Não consigo sentir sua presença...Ela não quer minha presença...Está fugindo de mim.-falou rouco pela agonia que sentia.

sábado, dezembro 08, 2007

(Foto de Eva Green-Alterada)
Kara e Jan Kmam
Por
Nazarethe Fonseca

Todos os direitos reservados a Autora®

Capítulo V- Escolhas do Coração

Três noites mais tarde Jan deixou Kara buscar alimento na Rua Galande, sentia-se seguro sabendo que Marques a vigiava. Seus passos os guiaram para perto das animadas “tavernas”,pelo menos era assim séculos atrás.Um pouco depois de alimentar-se sentiu-se seguido por um conhecido, um amigo de caminhadas e aventuras, Bruce. O vampiro se aproximou na rua movimentada e logo estava caminhando ao seu lado como há anos atrás fizeram por um curto período de tempo.
-Soube a poucos dias que estava vivo.
O vampiro falou fitando Jan Kmam sem esconder sua alegria, e contentamento. Ele, assim como todo do mundo vampiro, acreditou que Jan Kmam houvesse sucumbido há um século atrás sob a força do fogo.
-Ariel foi o portador de tão encantadora notícia. -falou e parou no meio da rua, esperando por seus movimentos.
-O rei passou um comunicado há quatro anos, onde estava?
-Recluso em Veneza, na verdade, dormindo. -disse com os olhos brilhando, atentos, por fim sorriu encantado. Os lábios sedosos cheios de vida,alimentara-se a poucos minutos. -Ariel conseguiu me desperta com tão alegre notícia...Por favor, deixe-me abraçá-lo.-pediu com os olho febris.
Jan Kmam parou e abriu os braços em sua direção. Ele o abraçou-o forte e antes que pudesse fugir beijou sua face. Jan apertou-lhe o ombro sorrindo de seu gesto desmedido, apaixonado. Conseguiram uma mesa numa das tavernas próximas e logo estávamos servidos de vinho e conversando sobre os velhos tempos. Havia uma divida um século atrás ele salvou-lhe a vida, não podia negar atenção a Bruce, alguns minutos não faria mal. Os traços de Irlandês estavam evidentes, não dava para fugir, mas este talvez fosse seu encanto. O cabelo cacheado, castanho muito claro, como os olhos, fingia sorver o vinho os olhos fixos no amigo. Jan notou e ergueu um brinde e ele aceitou:
-Aos velhos tempos.
-A força de sua imortalidade.
-Então esteve com Ariel em Veneza?-Jan disse mudando o rumo da conversa rapidamente.
-Sim, Ariel permite que fique no palazzo, isolar-me um pouco, lá é o lugar certo para isso. Mas quando Ariel me deu a boa nova resolvi ver pessoalmente.
-Alegro-me também em vê-lo, Bruce.
-Ainda na velha mansão...?-quis saber e se corrigiu.-Que tolice a minha Gustave a vendeu dois anos depois que “morreu”.
-Eu soube, Otávio me contou.-revelei sem pesar.-Mas o que tem feito Bruce?
-Lamentado seu desaparecimento, acompanhei Ariel e duas viagens e me refugiei em Veneza, arranjei mais confusão do que pude lidar.Fiquei lá alguns anos e assisti a queda de Lothar de camarote.
-Lothar caiu em desgraça?-Jan semicerrou os olhos nada surpreso.
-Sim, após matar sua pupila, foi duramente castigado por Ariel. Mas acredito que a Caixa é nada comparado aos seus crimes... -comentou pensativo, tristonho.
-Como alguém pode suportá-lo, me pergunto. -Jan divagou debaixo do olhar sombrio e reflexivo de Bruce que por alguns minutos perdeu toda a alegria.
-Ariel cuidou dele pessoalmente. -Mas e você, como está? Soube que perdeu sua amante no incêndio. –ele buscava respostas para suas duvidas.
-Jamais a perdi, hoje posso compreender isso. A reencontrei. -Jan afirmou vendo o brilho da desilusão e tristeza no olhar de Bruce. -Estamos finalmente juntos.
-Então Ariel não mentiu. -Bruce revelou mergulhando em pensamentos que não ousou revelar,mas estava estampado em seu rosto que omitia algo.
-De certo, que o rei não mentiria.
A tristeza estava estampada na face de Bruce, que esperava encontrar Jan Kmam só e tentar mais uma vez permanecer ao meu lado.
-Caminhe comigo, este lugar se torna opressivo. -Bruce queixou-se um tanto perturbado.
Jan Kmam pagou a conta e logo estavam novamente caminhando pelas ruas sem rumo certo. Logo estava em uma praça deserta e lá se acomodaram num banco.
-O rei já viu sua escolhida?-Bruce ergueu as sobrancelhas de modo frio.
-Conhece as leis tanto quanto eu, Bruce, quantos séculos arrasta sobre estes ombros? Quinhentos?-brincou rindo de sua pergunta no mínimo “estranha”.
-Quinhentos e cinqüenta. Mas sinto-me como a cavalaria: “sempre atrasada”. - afirmou sem medo de demonstrar o que sentia.-Quando soube que estava vivo isso me alegrou, mas não acalmou meu coração...
-Bruce...-Jan o censurou de imediato.
-Está feliz ao lado dela?-Bruce perguntou decidido, forte.
-Sim, Bruce muito feliz, e desejo que encontre tal felicidade.Você precisa amar alguém que o ame.-Jan continuou a falar com muita segurança.Apesar de haver desconforto e exasperação na voz.
-Eu o amo, sabe disso Jan Kmam. –Bruce afirmou seu medo.
-Não posso corresponder a seu amor, jamais pude, compreenda. –Jan respondeu suave. -Estou do lado da vampira que amo e amarei até o fim dos tempos.
-Ela o faz feliz Jan Kmam?-o vampiro de olhos cor de mel perguntou sério, enquanto apertava o cabo da bengala que usava, mas por estilo que necessidade.
-Kara me faz muito feliz, sem ela não sei viver dentro da imortalidade. Nós nos amamos Bruce, compreenda... -responde educadamente, pois não desejava ferir o coração do vampiro que salvou-lhe a vida.
-Já basta.-Bruce pediu sofrendo.-Posso compreender que o perdi...Já vi a dor que sinto agora refletida em olhos como os nosso por diversas vezes,até mesmo, nos olhos do rei Ariel Simon ao perder a vampira que julgava ser sua alma prometida.Só não quero ver está dor novamente refletida dentro de seus belos olhos azuis, meu amor.
-Contenha-se Bruce,ou terei de partir. Quero que saiba que jamais me perdera como amigo.
-Por isso o amo. -divagou orgulhoso. -Está força, sua decisão... -calou-se ao vê-lo erguer o queixo incitado, mas permaneceu sentado.
Era o momento de partir, Bruce excedia o limite. Séculos atrás ele declarou seu amor e Jan declinou. As mulheres sempre o seduziram. Podia convidar um belo jovem, beijá-lo,afinal,buscava alimentar-se, mas jamais buscaria um companheiro. Otávio sempre foi o mestre, o pai, o irmão. O seu desejo de vampiro era alimentado por uma mulher, uma vampira. Era na curva de um belo par de seios, que apreciava mergulhar. Bruce não se levantou, simplesmente ergueu o cálice de vinho num brinde.
-Nada pode mudar o que sinto, hoje só tenho motivos para comemorar, você vive, meu querido, amigo.-frizou.
Jan Kmam inclinei-se agradecendo a lisonja e antes que partisse ele segurou sua mão e falou seriamente:
-Jamais o terei, contudo zelarei por sua felicidade, este será o melhor modo de dizer o quanto o amo. -falou sem medo. - É imperativo que saiba de Veneza, sobre Ariel, guardo um segredo antigo... -ele estava realmente nervoso. -Dê-me algum tempo de seu tempo Jan Kmam.-pediu .-É muito importante não, estou aqui por acaso. Na verdade, minha vida vai valer bem pouco para o rei, depois de revelar o que escondo há séculos.
-Não disponho de tempo Bruce.-Jan disse puxando a mão suavemente.
-O que vou lhe revelar vai salvar sua pupila, a se mesmo. -disse soltando a mão de Jan.- São apenas uns poucos minutos dentro de uma eternidade. Afinal em nosso mundo tudo beira o crime e a punição.
-Do que está falando?
-Do seu futuro, ele corre perigo.
-Vá direto ao ponto. -Jan insistiu perdendo a paciência.
-Estou falando do passado do rei e de Blanca,a pupila de Lothar.Você precisa saber a verdade agora.-insistiu e seus caninos surgiram entre os lábios.
Jan Kmam sentou novamente e resolveu ouvi-lo, ele sempre foi honesto jamais mentiu. Vinte minutos foi tudo que ele conseguiu suportar ouvir entre a incredulidade e a irá. Antes que pudesse se conter Jan o segurava pela garganta, e o socou jogando ao chão.
-São mentiras, mentiras sórdidas!-Jan rugia, transformado. -Não ouse se aproximar de mim novamente, pois o matarei.
Bruce não ousou segui-lo.


SEGUNDA PARTE

Jan Kmam estava confuso, mudo, havia um nó na garganta. Tentou esquecer tudo que ouviu, mas as palavras de Bruce eram como gritos em sua mente, forte demais para serem silenciados. Não!...Ao seu redor à noite parecia fechar-se opressiva,o peito doeu,era seu coração sangrando. O desejou ardentemente ver a face da amante, talvez ela lhe trouxesse alguma lucidez... A ouviu, seu coração bateu próximo, seu cheiro encheu o ar à volta. A voz de Bruce emudeceu,sumiu a luz do olhar de Kara o salvou das trevas, acalmou seu desespero.
-Advinha quem é?-Kara disse ficando na ponta dos pés para conseguir cobrir seus olhos.
-Não sei. -Jan murmurou entrando em seu jogo bobo, mas doce, inocente, que adorava participar como se fossem mortais, como se nada fosse tocá-los.
-Use seus poderes. -ela sugeriu num sussurro morno. -Vamos, advinha. -cochichou junto ao seu ouvido.
-Basta sentir o cheiro de rosa que vem de suas mãos.
Dizendo isso a Jan Kmam a puxou para seus braços com mais força do que pretendia e a cheirou, e sentiu como se mergulhasse num buquê de rosas.A beijou longamente e esqueceu as revelações,as mentiras sórdidas de Bruce,desejou matá-lo e talvez o fizesse na noite seguinte, o que ele pretendia?! O enlouquecer, destruir sua felicidade? Não! Não agora.
-Jan...?Ahh! Está me machucando... O que foi?Aconteceu alguma coisa...?-murmurei sentindo seu corpo contraído, tenso.
Segurei seu rosto entre as mãos e fitei os olhos escuros, cheios de frustração.
-Vamos para casa?
-E a aula com Togo?
-Deixemos para amanhã. –Jan estava abatido.
-Não é justo, assim jamais o verei.-reclamei,batendo o pé.
-Estou sem ânimo, perdoe-me quero voltar para casa...-precisava conter-se ou ela notaria, nada escapava aos seus olhos negros.
-Tudo bem meu amor.-disse preocupada.
No caminho de volta Jan Kmam caminhou em silêncio absoluto, perdido em pensamentos, nos problemas que comigo não ousava dividir. Não fiz perguntas, ele não responderia, não agora estava sobrecarregado com o peso de sua nova inquietação. Teria acontecido algo a Togo? O que o perturbava, tirava-lhe a alegria? Seus olhos estavam distantes, o modo como segurava minha mão. Encostei a cabeça no seu ombro e apenas o segui. Destrancou a porta do apartamento e vagou pela sala, enquanto eu acendia as luzes, foi para o aparelho de som e ligou. A música encheu e não demorou muito para que me puxasse para seus braços. O abracei e senti sua tristeza, assim ficamos por longos minutos. Ele só desejava me ter em seus braços, beijar-me lentamente, abraçar meu corpo junto ao seu tocar meus cabelos. Movia-se devagar, e por um momento o sentir estremecer.
-O que você tem meu querido?-perguntei segurando seu rosto entre as mãos. -Fale comigo, eu posso escutar...
-Apenas... Diga que me ama Kara.-pediu manso, rosto colado no meu.
-É claro que te amo...
-Diga. -pediu sério, carinhoso.
-Eu te amo Jan Kmam.
Imediatamente ele me envolveu em seus braços e beijou-me com ímpeto. E quando libertou meus lábios murmurou baixinho:
-Eu preciso de você para continuar, saber que me ama que vai ficar comigo... - disse tocando meu rosto. -Prometa que jamais vai me deixar, prometa. -insistiu olhando nos meus olhos.
-Jamais vou deixá-lo,estamos juntos.-gemi beijando-o de modo sôfrego, apaixonado. -Prometo jamais te deixar, mesmo que me mande embora, mesmo que disso dependa minha vida. -falei sem saber porque.-Está conversa está me assustando, o que está acontecendo, diga? -murmurei por fim.
-Estou inseguro, subitamente tenho medo de perder tudo.
-Não fale assim você me deixa confusa, temerosa.
-Sei como resolver isso. -me tomou nos braços e levou-me para o quarto, a cama. -Onde estamos Kara?-perguntou deitando-me no leito e se ajeitou sobre meu corpo.
-No quarto.-respondi jogando seu jogo, percebendo que ardia de desejo.
-Onde está o quarto?-quis saber buscando minha boca com os dedos suavemente.
-Dentro de nosso mundo. E aqui nada nos toca, ou fere, aqui só existe eu e você.E o tempo nos pertence, pois somos imortais.-gemi o puxando com carinho.
-Sim, sim.É assim que será, pois pertencemos um ao outro e nada nem ninguém vai nos separar.-afirmou beijando-me ávido.
-Nem homem ou vampiro. -brinquei fazendo-o me fitar alerta como se temesse minhas palavras.
Ficamos por horas entre beijos, abraço, carícias, sussurros, juras de amor e quando a manhã ele me abraçou junto a ele e assim dormimos. Ele não revelou o motivo de seu estranho comportamento naquela noite, ou porque desistiu das aulas com Togo.E passamos a viver quase isolados, até mesmo as visitas de Otávio tornaram-se mais escassas.Jan Kmam parecia manter-me longe de todos, mas estranhamente alerta a tudo a minha volta.
Impaciente, irritado, às vezes saia e só voltava na madrugada. Geralmente pensativo, com um perfume feminino em sua camisa, provavelmente de sua vitima. Nesses momentos evitava pensar como uma mortal desconfiada, que buscarias seus bolsos, marcas de batom. Afinal, o tinha por inteiro. Mas eu realmente só notei que havia algo errado quando Bruce surgiu.

Continua...
Cena do próximo capítulo...
Jan Kmam passou pelo portão e pegou a chave debaixo do gnomo e entrou. Nesse momento Bruce conteve Kara,pois ela queria grudar-se as janelas. Uma jovem mulher apareceu no quarto e logo depois dela Jan Kmam. Mas antes que chegasse a cama ele a conteve, a abraçou e beijou. Meu coração parou de bater, não conseguia mover-me.
-Kara Acalme-se!-Bruce pediu,enquanto a via quebrar tudo a sua volta completamente enfurecida.

sábado, dezembro 01, 2007



Kara e Jan Kmam

Por

Nazarethe Fonseca
Todos os direitos reservados a Autora®


Capítulo IV– Perguntas Sem Respostas.


O vampiro sentiu o odor alucinante do medo, do desejo, estava misturado ao suor da mortal, ao perfume suave que ela usava. Mas o olhar claro o desafiava a prosseguir, entregava-se a sua fome. Em seus olhos claros a mesma pergunta?
“-É a ultima vez?”
O sangue corria ligeiro em suas veias, o calor da pele, o coração batendo ligeiro, numa agonia conhecida... O Vampiro abocanhou a carne, a pressão dos lábios a fez gemer, a expectativa cresceu, os caninos perfuraram a carne, ela exclamou algo, sentiu dor, porque não haveria?Ela sempre existiria rodeada pelo prazer do beijo vampiro que dá e toma impiedoso.
Imóvel, trêmula sentiu a pressão aumentar.A mão do vampiro cobria o seio róseo, os lábios sobre a garganta frágil, os caninos cravados na carne. Ele sugava de olhos fechados e quando os abriu havia neles um brilho estranho. Afastou os caninos,arfante e a viu pestanejar quase desfalecida, a tomou nos braços e levou para o quarto. Exausta Alma adormeceu nos braços de Jan Kmam, e assim ficou por uma hora. Ele esperou, tinha tempo e enquanto a mortal se refazia, brincou com seus cabelos loiros entre os dedos. Era impossível a ele não fazer comparações, perguntas. A situação era absurda, atípica.A observava até a exaustão buscando o motivo?
Sondava os mistérios de sua face, de seu corpo, viu sua pele arrepiar-se, ela estava com frio. Puxou o lençol e antes de ocultar os seios perfeitos quase buscou a rosa tatuada, afinal eram idênticas. Cobriu-a cuidadoso, tinha saúde frágil. E ali entregue aquele doce “pecado”, perguntou-se porque estava na cama com uma copia perfeita de Valeria, ou seria Thais, ou Kara? Cabelos tão dourados quanto o sol, a mesma altura, o tom da voz, alguns sinais, as formas do corpo... Os pés pequeninos, o desenho de suas orelhas.
Isso o vem torturando, o deixando dividido, culpado. Ele compreende que vêem mentindo para sua amada há meses. Como começou?Como termina? Ele não saberia dizer. Era uma estranha até um ano atrás, só mais uma vitima, mas ao ver sua face sob a luz do poste Jan Kmam se deteve. Confuso, seguiu a mortal até sua casa e esperou vigiando-a pelas janelas buscando respostas. Estancou diante da porta, a seguia pelas janelas de vidro e ao sentir cheiro de sangue entrou pela janela quebrando os vidros.
O vampiro a encontrou dentro da banheira, os pulsos cortados, a consciência se perdendo dentro de um rio de sangue. Ela o fitava e sorria, estava muito longe,perdida na lassidão da perca de sangue,mergulhada na ilusão que morreria. Jan Kmam não pode permitir, não podia deixá-la morrer sem respostas... Fechou os cortes com seu sangue, somente o suficiente para não morresse. Esperou que despertasse ainda sentindo o sabor de seu sangue na boca.
“-Como é seu nome?
“-Alma...O que aconteceu?
“-Tentou matar-se, eu não permiti. -Jan falou com tranqüilidade observando-a sentada no leito,estava bastante pálida.
“-Quem é você?-disse fitando os pulsos buscando os cortes.
“-Alguém que deseja que continue viva.-resumiu.
“-Saia!Saia daqui...-pediu ríspida,envergonhada.
“-Não é tão fácil assim.
“-O que fez,como fechou os cortes?
“-A presenteie com algo que desejava. -Jan falou de posse de sua carta de suicídio.-Saúde,vamos ver quanto tempo dura.-ele resumiu,pois não sentia mais em sua presença o cheiro da doença.
“-O que deseja afinal?
“-Respostas.-disse muito firme.-De que parte da França sua família vem?
“-Provença...-ela o olhou e ligou o abajur.
Debaixo da luz a beleza singular de Jan Kmam ficou evidente assim como o toque de sua imortalidade. Ele sentiu o toque de seus olhos sobre seu corpo, nos lábios, o modo como ela admirou seus cabelos tão loiros quanto os dela.Em sua mente ela compreendia que estava diante de um homem “diferente”.
“-O que é você afinal, a morte?
“-Ela jamais me aceitou na sua folha de pagamento, apesar de ajudá-la há muitos anos. Olhe para mim. -Jan ordenou e viu nos olhos verdes uma mulher que julgou já estar em seus braços.-“Ninfa”.-murmurou.
“-Preciso ir. -falou fitando a noite através das janelas.-Mas tenha certeza de que voltarei.Quero que me prometa uma coisa.
“-O que quer de mim?Estou morrendo,leu minha carta,tenho um câncer muito agressivo....
“-Digamos que eu o “controlei”, que te dei mais tempo. Então me prometa que não vai tentar novamente.
“-Não vou te prometer nada...
“-Qual o motivo? Porque vai se matar dessa vez,porque foi salva?
“-Meta-se com sua vida, eu cuido da minha.
“-Sua vida agora me pertence. Você me deve algo.-Jan falou ficando de pé junto a cama.-Prometa.-ordenou.
“-Eu...
“-Depressa Alma,minha paciência se esgota.
“-Eu prometo.
“-Ótimo.-Jan tocou seu rosto e sorriu.
“-Qual seu nome?-ela quis saber mais tranqüila.
“-A cura.
Jan Kmam deixou o quarto e antes que ela pudesse o seguir pela casa sumiu.Na noite seguinte voltou e se deparou com uma mulher mais tranqüila, arrumada, trabalhando. Desde que descobriu o câncer Alma vinha sofrendo com dores, nenhum dos tratamentos se mostrou eficaz e ela morria aos poucos.
A princípio Jan acreditou que a mataria, entretanto, isso não aconteceu, não conseguia, seria o mesmo que tentar matar Valeria, Thais ou Kara. Confuso hesitava apesar de Alma esperar o ataque sem medo algum. Ele voltava e silenciosamente a observava por horas intermináveis mudo.Alma lhe fazia pergunta,que muitas vezes não eram respondidas,quando isso acontecia, agia como se ele não estivesse na casa,apenas sentava-se e escrevia,movia-se por seu mundo. Enquanto ele buscava uma explicação lógica. Quando se sentiu segurou falou o que realmente era, um vampiro, nada de revelações maiores conversas simples cotidianas. Todavia, ficou claro para Alma que o vampiro nutria por ela desejo, estava no modo que seu olhar azul a fitava. Ela também se sentia atraída por ele, como não sentir, era magnífico. O corpo, sempre tão bem vestido e mesmo quando surgia a sua porta de jeans, camiseta e jaqueta de couro. Seu corpo reagia ao dele.

Segunda Parte


Cansada de observar e ser observada deu o primeiro passo, esperou sua visita e quando o viu sentar-se na poltrona que sempre ocupava.Ficou a sua frente e despiu-se a sua frente. Jan apenas a observou mover-se suavemente,entregar-se a ele,demonstra que o desejava.Ele ficou de pé e a rodeou,não a tocou simplesmente se inclinou e murmurou junto aos seus lábios,sem tocá-los.
“-Você não tem o direito de me seduzir.
A deixou sozinha no meio da sala e sumiu por um mês e Alma acreditou tê-lo perdido. Entretanto ele voltou e quando se sentou calmamente disse seguro:
“-Tocar você se tornou uma necessidade. Todavia, não espere tocar meu coração, ele tem uma dona”.
A verdade era necessária e não foi dita em tom humilhante,ele apenas deixou claro a Alma que jamais o teria completamente.
“-São dois passos Alma.-disse referindo-se a distância física entre que os separava.-Se der tais passos,deve estar pronta para suportar a solidão de minha companhia,o doloroso prazer de meus beijos.O silêncio de meu coração,não será minha amante,será parte somente de meu desejo.Quero tocá-la,possuir sua carne,sentir seu corpo,mas não sei porquanto tempo.Portanto a escolha eu lhe dou,ela não será minha.
Alma deu os dois passos, enquanto desatava o nó do roupão, e se aproximou entregou-se a ele sem reservas, sem perguntas, apenas o esperava, o possuía do seu modo. E era deste modo que ele vinha lidando com aquele estranho fenômeno chamado “Alma”.
-Você brigou com Kara novamente?
Alma havia despertado tirando Jan Kmam de seus pensamentos e lembranças,mas não se moveu,continuou quieta.
-É isso que pensa?Que só te procuro quando discuto com Kara?
-Apenas... Tive um pesadelo e os vi.
-Precisa dormir mais Alma. -Jan Kmam afirmou.
-Há muito a ser escrito, e o dia me parece muito curto, além disso, tenho pouco tempo. -Alma argumentou apoiando-se sobre o corpo nu de Jan Kmam.
-Apenas durma lhe fará bem. Preciso obrigá-la?
-Não gosto de dormir... -percebendo o olhar do vampiro sobre ela remendou. -Vou tentar, prometo.
Jan fitou seu braço e viu uma marca roxa.
-Te machuquei. -revelou pensativo.
-Não. São as marcas da tempestade. –divagou e tocou os cabelos claros. –Por que não me mata?O que pensa quando me olha por horas?
-Alma,já falamos sobre essas perguntas,não?
-Tenho curiosidade... Nada sei... Porque sonho com você?
-Quando curei seus cortes te dei parte de mim, quando te possuo também te levo comigo.
-O que sou?
-Uma mulher,uma mortal linda,um mistério.-falou pensativo.
-Eu vou morrer, então o que te impede de falar, de me dizer quem é você.
-Sabes muito, o suficiente para ser morta, teu sucesso, é a única coisa que te mantém viva. Eu não vou tolerar tuas perguntas.
-Melhor ir embora. -ela avisou afastando-se dele ressentida.
-Irei quando quiser Alma. Não gaste seu tempo me convidando a fazê-lo.
-O sol surge. -avisou seca já saindo do leito.
-Uma pergunta e mais nada. -ele afirmou fazendo-a sorrir. –Use está oportunidade com sabedoria.
-Como ela é, Kara?
-Realmente, o sol surge. -Jan Kmam disse saindo do leito, para vestir-se.
Alma compreendeu que havia ido longe demais e calou-se, afinal, pouco sabia da vampira que possuía aquele vampiro por completo. A invejava, e ao mesmo tempo admirava como ela seria, bela, forte? O que havia feito para tê-lo por completo?Alma vestiu o roupão e o viu arrumar-se lentamente. Estava de partida, caminhou até a sala e Alma o seguiu muda, pensativa, pronta para vê-lo sumir na madrugada. Jan Kmam parou antes de abrir a porta e a segurou pelos ombros e a beijou longamente.
-Ela é tão bela quanto tu eis. Pois, no jardim da vida, eu tenho direito, creio, a colher mais de uma rosa. Naquela madrugada Jan Kmam deixou a casa de Alma com algumas certezas, e dentro de sua constante interrogação não sentiu a presença de um velho conhecido. Além mais conhecia seu segredo. A cidade parecia cheia de surpresas. E Jan Kmam estava prestes a descobrir isso de modo bastante doloroso.

Continua...

Cena do próximo capítulo...



-Não disponho de tempo Bruce.-Jan disse puxando a mão suavemente.
-O que vou lhe revelar vai salvar sua pupila, a si mesmo. -disse soltando a mão de Jan.- Uns poucos minutos dentro de uma eternidade. Afinal em nosso mundo tudo beira o crime e a punição.
-Do que está falando?
-Do seu futuro Jan Kmam, ele corre perigo.
-Vá direto ao ponto. -Jan insistiu perdendo a paciência.
-Estou falando do passado, do rei e de Blanca,a pupila de Lothar.Você precisa saber a verdade agora.-insistiu e seus caninos surgiram entre os lábios.