quinta-feira, março 20, 2008



Kara e Jan Kmam

Por

Nazarethe Fonseca


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Capítulo IX - A Febre do Sangue II



Não tinha ânimo para buscar alimento, estava agitada, irritada, só consegui sair do túmulo, do caixão imundo onde me escondi sem nenhuma repulsa. Sentei na murada de mármore e deixei que a lua me hipnotizasse, tirasse de meus olhos a visão da daquela mulher nos braços de Jan Kmam... A claridade da lua atravessava os vitrais e me cobria, estranhamente a luz me acalmava, fitava as imagens dos santos e reconheci seus rostos, lembrei seus nomes, mas nada pedi, nem tão pouco rezei. Sou imortal, mas ainda os temia. O que era um pensamento pouco evoluído em minha condição, mas não isento de sentir dor.
Estava sozinha novamente, a sensação me asaltou o peito e levou-me aos primeiros dias em Paris, quando Otávio afastou Jan Kmam quase completamente de mim. Passava horas sozinha no hotel esperando seu retorno, que somente se dava ao amanhecer. Aceitava, acreditando que era necessário a ele estar com o vampiro que o criou. Todavia, a solidão começou a inquietar-me. Aborrecida peguei um táxi e fui para o apartamento de Otávio onde certamente estariam reunidos. Desci do táxi e na calçada senti não um, mais vários vampiros muito próximos. Dentre eles identifiquei Asti, Otávio e Jan Kmam. Entrei no prédio e quando a porta do elevador se abriu Jan estava a minha espera no corredor. Sorri, mas ele nao retribuiu e quando dei o primeiro passo planejando entrar no apartamento de Otávio Jan Kmam me impediu entrando no elevador.
- O que faz aqui? - Jan perguntou sério.
- Cansei de ficar sozinha. – admiti sem receio.
- Você nunca está sozinha quando vai entender isso.
Jan Kmam afirmou misterioso já apertando o botâo para fechar a porta do elevador. Antes que ela se fechasse vi uma cabeleira vermelha, o brilho do olhar verde... A porta se fechou e o elevador desceu.
- Quem era?
- Não faço ideia. - Jan Kmam mentiou com aborrecimento.
- Para onde vamos?
- Você vai para casa, eu preciso retornar. –avisou com pouca paciência.
- Por que? – insisti amuada.
- É uma reunião importante. E como favorito do rei preciso estar presente.
- O rei esta lá em cima? Posso ficar? – perguntei tocando seu ombro.
Jan Kmam estava distante, frio sequer me olhava. Mas quando o fez foi de modo irritado.
- De modo algum! – ele foi rispido.Não precisava.
- Não vou interromper...
- É proibido. Você sequer deveria estar aqui Kara. É muito... – ele se calou pois sabia como aquela frase me aborrecia.
- Vamos, termine a sentença: você é muito jovem. - debochei magoada imitándo-lhe a voz. – É sempre assim, não é mesmo? – reclamei muito baixo.
–Não será sempre assim. – ele tentou aplacar o sentimento de inferioridade que me tomava sempre que aquela frase era citada.
- Eu esqueci. – comecei vendo os andare descerem. -Preciso envelhecer sozinha,tornar-me um pedaço de rocha fria. Impedir que meu coração bata no peito para entrar no clube. – debochei com a voz rouca.
- Não seja infantil Kara. -pediu cansado.
- Não se engane Jan Kmam, eu sou uma vampira.
A porta do elevador abriu e eu sai sem esperar Jan Kmam. Na verdade sumi na rua e o deixei para trás. Ele não me seguiu,ou deteve minha fuga. Deveria estar realmente muito “ocupado”. Extremamente triste e aborrecida. Fui para Notre Dame. E lá nas altas torres junto aos sinos sentei e chorei aborrecida. A imortalidade estava sendo um pouco diferente do que esperava. Havia noite de extrema alegria, tristeza, solidão, amor. Uma montanha Russa. Fitava meu rosto mudado minhas maos delicadas,mas tao fortes. Tudo estava tão distante e perto. Lidava com extremos. Como agora, amor e odio ardiam em meu coração. Amava Jan Kmam, mas sua traição fazia-me odiá-lo! Desejava enfrentar suas desculpas esfarrapadas.Jogar em sua face algumas verdades. Com cinco anos de imortalidade era simplesmente uma “criança”. Não tinha muitos direitos,somente deveres e isso incomodava. Queria fechar os olhos e fazer com que o tempo passasse e levasse a dor que sentia. Fizesse-me esquecer sua traição...Ah! Miserável! Minha copia,minha rival. E chorrei olhando a lua, abraçada ao corpo, sentindo os soluços me sacodirem.
-Acha que está é a melhor forma de punir Jan?
A voz de Bruce encheu a pequena câmara me fez voltar à vista em sua direção, não o havia sentido entrar. O que importava se ousasse me tocar sairia ferido.
-Esconder-se dele, mergulhar na desolação, na sujeira? - Bruce perguntou vendo-a ainda imóvel em meio às folhas secas.
Olhou a volta e sentiu nojo, do mausoléu, do chão estava sujo, o cheiro de poeira e raiz, putrefação o incomodava, era normal quando se vive no luxo, longe das sepulturas, dos corpos que apodrecem nos dizendo o que é ser mortal e imortal.
- Vá embora. - pedi mansa. - Você já cumpriu sua missão. - pedi muito baixo.
- Sim, já, mas é deste modo que vai lidar com o assunto, fugindo?
- Não sei o que fazer...
Bruce notou que ainda tinha os olhos dilatados, não tentava esconder a face vampira dentro da falsa máscara de mortalidade que os vampiros usam com assiduidade. Tinha as roupas sujas, os cabelos em desalinho, o rosto manchado pelas lagrimas. Ainda estava alterada pela dor. Ele se aproximou e o abracei e agarrada a ele chorou minha dor.


SEGUNDA PARTE - Jan Kmam e Otávio.


Consuelo estava falida, como lhe disse e mantinha roupas e jóias com o que furtava das suas vítimas. Gostava muito de dinheiro e não gostava de repeti trajes. Mandei reformar sua casa e lhe dei algum dinheiro, não é necessário dizer o quanto isso a alegrou. – Jan comentou risonho. - Adorava dar festas nas quais sentia verdadeiro prazer em ver os mortais se degradarem. Possuía um caderno onde anotava nomes de alguns nobres e burgueses dos quais extorquia dinheiro, chantagem,afinal conhecia e mantinha seus vícios. Aos poucos descobri que era completamente obtusa, sua letra era horrível e pouco entendia do que lia. A contive algumas vezes em seus atos selvagens, predatórios, assassínios. Por algum motivo que desconheço, ela me obedecia. Enquanto isso a febre me tomava lentamente, pesadelos, tremores, a sede de sangue aumentava. Tornei-me extremamente cruel, violento. E certa vez, estanquei diante de minhas vítimas completamente confuso, mas a sede me impulsionava a matança. Sem falar nos lapsos de memória, nos transes.
Despertava, fazia o de costume e saia para a rua. Perdia parte da consciência,enquanto caminhava e quando despertava estava matando, falando em uma língua desconhecida. Alimentando-me de animais como um besta. Consuelo me surpreendeu em um desses transes. Não me lembro como nem porque, o certo é que acordei com o chicote nas mãos, Consuelo caída no chão, suas roupas em tiras. A tomei nos braços, supliquei perdão, mas para minha surpresa ela havia simplesmente adorado! Acreditou ter encontrado o amante ideal, fitei as minhas mãos sujas de sangue e fugi atordoado com meu comportamento. Voltei e tentei esquecer o episódio, ela passou a me trazer “presentes”, aos quais não recusava.
Jovens loiras, virgens, damas, que roubava das camas dos maridos. - parou e com certo receio continuou. - Torturei, matei por prazer, no começo despertava cheio de culpa, todavia, estava nas mãos de Consuelo, da febre. E quando a fome chegava perdia a consciência, sucumbia à força de duas tempestades. A culpa, o remorso, o medo do castigo sumiram, só restou a besta. Mantinha escravas de sangue, que logo descartava, sequer saia de casa. Bastava descer ao porão e escolher. Fui capaz desses atos. – Jan murmurou. - Agia levado pela “febre do sangue”, enquanto Consuelo agia levada por seus desejos. Perdi a noção das noites que vivi tais delírios, havia pouca lucidez, só um amontoado de imagens, suplicas gritos.
Finalmente e felizmente, Togo surgiu acompanhado de Zoser e Nebit, os Zeladores, no estado que me encontrava somente eles poderiam me conter. Uma ou duas vezes me olhei no espelho, mas recuei com medo de minha face. Estava transformado, os olhos dilatado, caninos sempre a mostra, a cabeleira revolta, o corpo alterado. Andava de peito nu como um bárbaro. Havia pintado símbolos estranhos sobre a face, o peito com sangue. Não houve luta, eles simplesmente me informaram que o Livro me esperava ansioso. Era verdade, o sentia me chamar há vários dias. Consuelo foi detida, enquanto gritava meu nome pedindo ajuda. Ah! Pobre Consuelo! – Jan lamentou risonho. - Lembro-me de ter gargalhado e ter dito:
- Este é o preço por andar ao lado dos Deuses.


Continua...Cena do próximo capítulo...


Um fio de sangue surgiu em meu nariz. Fazia um grande esforço para manter Jan Kmam longe de minha mente e isso começava a causar danos.
-Minha cabeça dói... -gemi segurando-me na parede.
Bruce se preocupou, estava transtornada, cai ao chão e senti a mente vazia, a dor da traição de Jan Kmam ardia em meu peito. E solucei infeliz, abatida. E por fim gritei de dor segurando a cabeça com as duas mãos, enquanto me contorcia. Não ia conseguir voltar para casa e enfrentá-lo, precisava de tempo para pensar...
Bruce do meu lado tentava amparar-me, enquanto o empurrava confusa, a vista escurecia coberta por uma cortina de sangue. Perdia os sentidos.

12 comentários:

Unknown disse...

Adoreiiiiiii
Parabéns Nazarethe Fonseca. Quanto mais frequente suas postagens maior nosso entusiasmo.
:)

Telminha disse...

Amei!!! Muito obrigada pelo presente de Páscoa. risos. Um grande beijo!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Novamente, parabéns ^^
E novamente, continuo ansiosa pelo que vira, hauehuahuehuehue XD~

Gi disse...

Naza!!!!
(P.S : Posso te chamar assim?)
Meus parabéééns!!!
Tá muito,muito,muito bom... msa, eu tô quase passando mal de ler e ver O Jan tão.. Burrinho!!!!
(P.S:Se eu puder fazer esse comentário,claro...)
Ah... eu andei sumido pq o speedy não queria mais abrir o navegador..Msa, voltei e já li tudo q tinha perdido!!!
Por favor...Continua escrevendo!!!
Eu qro ler mais!!!
Beijos..
E Meus parabéns por tudo!!!

Marília Mendes disse...

Gostei, gostei muito e cada vez mais fico na espectativa de uma nova postagem.

Unknown disse...

Hoje faz 2 semanas... Nazaretheee não nos deixe mais curiosos... e fala do lançamento do alma e sangue 2 (continuação) também!! Sucesso!

Viviane disse...

Meus parabéns!
Maravilhoso!!! Até que enfim notícias da Kara! Muito bom mesmo! Ai, quando é que ela vai confrontar o Kman hein? Ele mereçe o que está passando, mas não vejo a hora do confronto! E o Alma II, quando sai?
bjos
:)

Unknown disse...

estou anciosa para os proximos capitulos nos surpreenda nazarethe..
bju:*

Marília Mendes disse...

Nazarethe Fonseca, queria pedir desculpas pelas vezes que insistimos com postagens mais frequentes.. mas é que a internet é um ambiente tão interativo.. com notícias novas a cada momento.. novidades, notícias, charges, situações novas que estão sempre aparecendo e isso nos induz a achar que seu blog vai estar sempre sendo atualizado, se é impossível diariamente, que seja semanalmente.. e então quando demora a gente perde o fio da meada.. especialmente quando se trata de uma história.
Abraços,

Unknown disse...

Ahhhhh hoje fazem 3 semanas desta postagem.... :(
Estou tão curiosa.

Menina Obscura disse...

Simplesmente maravilhoso!

Estou muito ansiosa para ler o livro!

Parabéns!!!

Vc é uma escritora maravilhosa!!!