quinta-feira, janeiro 07, 2010
A bailarina pintora que tocava flauta virou escritora.
Dizem que os artistas são criaturas sensíveis e que percebem o mundo de uma forma diferente. Entre o sim e o não, hoje percebo que a escrita estava em minha vida de forma complexa.
Ainda menina eu fiz balé, dançar era algo que me dava muito prazer. Ganhei uma bolsa no teatro e frequentei as aulas. Era maravilhoso! Lembro do cheiro das sapatilhas, da professora marcando o compasso, e de alguns dos nomes dos rodopios. Ficou em mim, dessa experiência, um físico legal, um abdômen firme a custa de duzentos abdominais por aula. Li vários livros e artigos sobre bailarinos famosos do balé Bolshoi, e sobre como eles fugiam da antiga União Soviética para pedir asilo político nos Estados Unidos.
Entendi o que era comunismo e de que era feita a vodca. Por vários motivos tive de desistir da dança clássica, mas o balé deixou em mim o gosto pela música erudita, pela ópera, pela dança em todas as suas formas e expressões e pelo teatro.
Eu estava numa época de buscas, e como sempre desenhei, passei a me dedicar a essa arte. Fiz desenhos realmente interessantes. Procurei escolas de pintura, recebi elogios, mas percebi que viver como artista no Brasil, não importa a área, é praticamente impossível. Giz de cera, grafite, guache, pastel. Cheguei a pintar com aquarela alguns quadros por pura teimosia. Estudei história da arte e mergulhei na vida de vários pintores e escultores, mas também não pude levar a pintura adiante.
Desanimada com minhas escolhas, ouvi a melodia de uma flauta. Comprei uma e, sem partitura ou aulas, aprendi a tocar o instrumento. Até hoje ainda arrisco uma música ou outra, é um prazer só meu. Tenho uma Hering preta, a famosa flauta doce. Foi nessa época de escolhas e descobertas que ganhei uma máquina de escreve e tive um sonho bem maluco. A experiência com outras artes me deu algo que ninguém pode tomar: cultura; e me mostrou que tudo o que faço é com amor.
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5 comentários:
Seu relato é uma mensagem de animo a muitos artistas, que como você a tempos atrás, hoje estão buscando seu lugar nesse mundo. E sua história de 'Alma e Sangue' um deleite aqueles que buscam alegria e boa leitura, como inspiração para os que buscam na escrita, o caminho certo de suas vidas.
Nossa, Nazarethe, que maravilhoso quando revolves comparilhar conosco sua experiencia; mantem-nos mais proximos de nossos idolos, nossos herois. Para mim e como poder alcancar as estrelas do ceu, saber como se deu a caminhada entre as sapatilhas e os livros...
Tive momentos de fraqueza e quase desiti, mas tem coisas que ficam em você. Se posso dar conselhos é que ninguém desista dos seus sonhos. Obrigada pela vista e leituras, só tenho a agradecer o carinho. beijos mordidos! :)
Naza! me diz como vc consegue !? tudo que escreve soa como melodia aos meus "olhos" ! bjos , do seu eterno leitor !!!
everton!
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