sábado, outubro 18, 2008

A Capa.


Quando terminei de escrever Alma e Sangue, séculos atrás. Pois parece fazer uma eternidade para mim. Estava diferente, pensava diferente, eu queria fazer faculdade de direito. Escrevi o livro para mim, para tirar o sonho de minha mente. Ler quando desejasse, pensava em mandar encadernar, por uma capa.
As aspirações eram simples, ainda são. Mas tudo tomou corpo, pensei em publicar e tantas coisas aconteceram e estou aqui.
A história não terminava ali, eu sabia que não, havia mais folhas na minha caixa de madeira para provar que ainda havia muito mais a ser revelado, contado... É que precisava estudar para o vestibular. E deixar de viver no mundo da lua como minha mãe dizia. (risos).
Peguei as folhas e guardei numa pasta, recolhi o dicionário, a gramática. Limpei a máquina de escrever e a guardei dentro da malinha.
Estudei duro, mas não consegui passar. Normal levar bomba no vestibular. E tudo corria lento sem minha máquina, me ocupei com outras coisas, mas sentia falta, muita falta de escrever. Eu sequer compreendia que era um vício, uma necessidade como o ar, a comida...
A idéia brotou ligeira, abri os olhos e lá estava tudo. Pegue as folhas e rapidamente escrevi o que via.
“Era Vitor, no chão do quarto de pensão arquejando, entre a vida e a morte. A arca já havia sido levada por Perez. Ele precisava avisar Jan Kmam, mas como? Ele estava agonizando?!”
Peguei as quatro primeiras páginas e compreendi que estava com mais um pedaço do quebra–cabeça. Fui até minha pasta e peguei as páginas que havia sobrado. Combinavam perfeitamente! Era uma introdução, Kara novamente narrando, mas dessa vez seu rapto, seu desespero, sua mente se comunicando com a de Jan Kmam... Ele em Paris.
A essa altura estava na sala às quatro da manhã e quando o dia estava prestes a nascer, eu estava no jardim aguardando o sol. Uma deliciosa brincadeira.
Ver o sol nascer, esperar ele surgir no céu e te dizer que é mortal, que pode suportar sua força, seu beijo morno.
Sabendo que eles estão dormindo.
Continua...

Um comentário:

Rafael Guerra disse...

São incriveis memso essas coisas "que tinham que ser", é estranho como mesmo se nos deviamos de algo as vezes, no fim aquilo volta e talvez ate com mais força devido a ausencia... assim como destino... assim como o amor...

a vontade em nossa alma consegue vencer as circunstancias de nossas vidas...