domingo, dezembro 23, 2007


Meus queridos amigos,
Graças aos feriados de fim de ano só voltarei a postar em 2008.
Mas os deixo com um presente de Natal,espero que goste.Feliz Natal para todos,como sempre agradeço o carinho,a companhia, a força que todos me passaram este ano que segue rumo ao fim.Que 2008 seja plena de Alma e Sangue! Beijos Mordidos!Seja bem vindo 2008!



Uma Noite Especial-Kara e Jan Kmam
Por
Nazarethe Fonseca

Todos os direitos reservados a Autora®

-Sabe que dia é hoje?-Kara perguntou fitando a noite lá fora,a alegria nas ruas.
-Sim,Natal.-Jan respondeu lendo o jornal “Le monde”.-Quer sair um pouco,ver os fogos a meia noite?
Jan Kmam a notava melancólica há dias, o mês de dezembro sequer havia começado e a viu numa vitrine olhando os enfeites, fitando as árvores de Natal decoradas. Era seu primeiro Natal como vampira.
Resolveu nada comentar, não fez nenhuma observação a deixou livre para escolher o que realmente desejava fazer. Ela precisava dar o primeiro passo, tinha a escolha de participar ou simplesmente excluir-se. Jan Kmam esperou dando liberdade, não iria forçar seu desenvolvimento, não ele, que tantos anos caminhou sozinho, dentro da escuridão da cidade somente observando o mundo inteiro comemorar em meio a familiares, amigos. Não pertencia mais ao mundo dos mortais, porque deveria imitar-lhe os gestos?
Dentro da imortalidade somente fica a solidão, as noites intermináveis, aquela era somente mais uma. Para ele que a viu de todas as cores e formas, o que importava era ter sua mão para segurar entre as suas, poder dançar abraçado a ela, ouvi-la sorri, esta perto quando a manhã chegasse. Ele não estava mais sozinha, podia esperar mais um ano ao seu lado,podia viver eternamente ao lado da vampira que amava.
-Podemos?
-Claro que podemos, nós podemos quase tudo. -disse olhando-a melancólica, quieta. -Tenho algo para você. -disse rendendo-se, afinal a amava e para vê-la feliz fazia qualquer coisa,até mesmo preparar-se para o Natal.
Jan soltou o jornal e foi para a biblioteca e quando retornou trazia uma caixa nas mãos. Depositou a caixa no chão e viu Kara aproximar-se, assim que abriu a viu sorrir.A caixa estava cheia de enfeites de Natal,até mesmo uma árvore para montar.Kara o abraço e beijo longamente e começou a fazer o que sempre fez,o que certamente demoraria a deixar para trás,agiu como uma mortal,enfeitou o apartamento,enquanto Jan a ajuda vendo-a quase renascida,feliz.
Quando a árvore estava completamente decorada Kara a olhou, as luzes pequeninas e sorriu tristemente. Jan Kmam a abraçou e, pois a estrela no alto.Ficaram olhando-a por um longo tempo abraçados.
-Eu sei que tirei muito de você Kara,mas eu não poderia permitir que morresse,eu te amo demais,não suportaria novamente te perder,fui egoísta...
-Eu não me arrependo, eu te amo tanto. Por favor, Jan...Entenda ainda sinto falta de tantas coisas...
-Jamais senti arrependimento em seu coração. Tudo que sinto é o seu amor me rodeando,me cobrindo como um grande coberto de retalhos,onde cada um dele é um momento único entre nós dois.-afirmou acariciando seus cabelos cacheados.-Eu compreendo o que sinto,pois também me senti deste modo.
-Não quero perder esses momentos, quero tê-los com você e não me importa que isso seja mortal e tolo.-ela segurou o rosto de Jan Kmam e prosseguiu.-Os valorizo,acho que sempre valorizarei, porque todos eles, estes doces momentos nos pertencem. Não vou me excluir do mundo porque me tornei imortal, o mundo agora me pertence e eu o sinto completamente.-dizendo isso o abraçou forte.
-Quando a trouxe para a imortalidade eu imaginei que era especial,mas jamais sonhei que me fizesse sentir novamente humano.Mas veja só,você conseguiu.-dizendo isso a beijo longamente.
-Escute.-Kara pediu pondo sua mão no peito do amante.-Ele esta batendo assim como o meu,é amor.-disse apertando-o nos braços,escondendo o rosto no seu pescoço,nos seus cabelos soltos.-Te amo demais para lamentar o que perdi,só quero entender,aprender.
-Quero que feche os olhos e me espere bem aqui.-Jan pediu junto ao seu ouvido.-Tenho algo para te dar.
Jan se afastou e sumiu dentro do quarto.Kara aguardava junto a árvore de olhos fechados,impaciente,querendo abri-los,tentando descobrir o que seria.
-Jan?
-Espere Kara, não abra os olhos.-pediu aproximando-se devagar.
-O que é? Vamos diga. -pediu risonha.
-Estenda as mãos e segure com cuidado e abra os olhos. - Jan explicou.
Kara segurou o objeto com cuidado e abriu os olhos. Ali entre seus dedos, uma caixinha de música, dentro dela um casal vestido ricamente, como a séculos atrás, protegidos, cobertos pela frágil camada de vidro. Ela girou a pequena manivela e logo a música deles tocava suave enquanto o pequenino casal se movia mecanicamente.
-É linda, Jan.-Kara falou beijando seu rosto emocionada.
-Somos nós dois. -disse segurando-a junto com Kara.-Sempre estaremos assim juntos, felizes, dançando.Dentro de nosso mundo.
-Tenho algo para te também. -ela dizendo isso pegou um saquinho de veludo do bolso e passou a suas mãos.-Não sabia se poderia te pedir que usasse.-falou timidamente.-Espero que goste,que caiba.
Jan Kmam despejou o conteúdo na palma da mão e viu a bela aliança e sorriu emocionado. Kara pegou a aliança feita de prata e ouro e olhando dentro de seus olhos de turquesa e tentou a colocar no dedo médio de Jan,mas não deu,ele sorriu e estendeu o dedo mindinho.A aliança ficou perfeita,Kara beijou-lhe a mão e imediatamente ele a enlaçou nos braços e a beijou longa e apaixonadamente,enquanto ela retribuía,murmurando o quanto o amava,ouvindo seu coração batendo forte de encontro ao seu peito delicado.
-Jamais vou tirar. -ele disse beijando a aliança,e finalmente a mão de Kara onde repousava a aliança que ele lhe presenteou meses atrás.-Dance comigo.-pediu suave.
-Sempre.-Kara murmurou pondo a caixinha de música sobre a mesa,para que juntos pudessem dançar.
Sorriam felizes, enamorados, enquanto a música suave e delicada os conduzia, mas eles ouviam uma musica mais forte e mais alta, a do som de seus corações apaixonados, felizes. Enquanto bailavam o relógio anunciou a meia noite e lá fora além da janela os fogos iluminaram o céu de Paris.
-Feliz Natal Kara.
-Feliz Natal Jan Kmam.
Abraçados ficaram diante da janela viram a noite encher-se de cores e luzes, mesmo ali eles podiam ouvir os sinos de Notre Dame anunciando por mais uma vez em quase dois mil anos o nascimento do filho de Deus.

sábado, dezembro 15, 2007



(Montmartre Brumas)
Kara e Jan Kmam
Por
Nazarethe Fonseca
Todos os direitos reservados a Autora®

Capítulo VI – Corações Partidos.



Tenho certeza, foram dois meses depois da queda. Caminhava pelo La Vallée outlet shopping um aglomerado de lojas para todos os gostos, meu local favorito para fazer compras. Afinal encontrava Kenzo, Mariella Burani, Tommy Hilfiger, Armani, Blanc Bleu, Versace, Cacharel, Ferre e por trinta por cento mais baratas que nas lojas tradicionais. Algo que não recusava, Jan deixava-me a vontade para gastar quanto quisesse, dinheiro não era problema,mas estranhamente gostava de economizar. Tinha destino certo a Calvin Klein estava precisando de lingerie. Havia me alimentado cedo, fiz uma maquiagem leve, afinal às vendedoras são muito observadoras. Sequer sai da primeira loja senti uma tontura. Toquei a cabeça e busquei o motivo, nenhum aparente.
Andei alguns metros e senti outra mais forte. Esta me fez recostar à parede de uma loja, arquejei sem ar, enquanto imagens tomavam minha mente,meus olhos, minha mente.
“Via-me correndo em fuga pela rua escura,descalça,estava apavorada, podia sentir a seda negra do meu vestido pesando, os cabelos soltando-se do penteado. O rosto ferido, o ventre dolorido, sangrento. Nesse momento senti um forte golpe sobre os ombros. O vampiro de cabelos lisos e negros, os olhos escuros, traços cruéis e face demoníaca atacavam-me com extrema violência. Ele me fez fitar sua face segurando-me pelos cabelos, enquanto gritava. Era arrastada por ele enquanto suplicava por minha vida. Fui encapuzada e posta dentro de um saco sem cuidado algum. Sentia o corpo ferido, fraco. Uma hora depois fui retirada da carruagem, a essa altura já podia sentir o cheiro do mar, o som das ondas.O saco foi lançado sobre a areia úmida sem cuidado algum, a estopa suja foi rasgada com uma faca que feriu meu ombro...”
Sem que desejasse, chamei a atenção de um homem que saia da loja onde estava parada. Andei cambaleante e tentei atravessar a rua estreita. Toquei a cabeça, ela latejava, doía. Meus olhos deveriam estar dilatados. A visão prosseguia sem que pudesse deter sua força...
“O capuz cobrindo minha face me sufocava deixando-me a mercê do vampiro, minha agonia era tremenda. Finalmente quando o capuz foi retirado vi a escuridão do mar às ondas batendo em meus pés. Fui empurrada ao chão, a água salgada atingiu meu rosto ferido. Tentei correr e novamente,mas dois vampiros surgiram e me cercaram fui espancada e levada para areia e presa sobre uma espécie de mastro.O vampiro que me capturou se aproximou,ele sorria de minha agonia.E mostrou-me um martelo e dois cravos.O som das marteladas tinindo em minha cabeça. Minhas mãos doíam...”
-Senhora...? -o homem que me viu vacilar próximo a loja me seguiu atento. -A senhora esta bem?
A essa altura segurava a cabeça com força e o martelo zunia em meus ouvidos. Senti sangue escorrer de meu nariz. O homem percebeu e me segurou pela cintura, e ele viu meu rosto, meus olhos, os caninos. A essa altura as pessoas nos cafés observavam a cena com interesse, o afastei, mas na verdade o joguei num empurrão violento para o outro lado da calçada. Sentado no chão, ele não conseguia desviar os olhos dos meus. Ajoelhada, com o cabelo cobrindo parte de minha face percebi que ele me via como vampira. Não foi uma das melhores coisas que já viu. A máscara da “falsa mortalidade” havia sumido, debaixo da dor que sentia. Enquanto buscava respirar, o coração doía. O sangue escorria de meu nariz, sobre os lábios.
-Deixe-a Thierry, não vê que é uma maldita viciada. -outro jovem surgiu e ajudou o homem caído no chão.
-Não, não, ela não é drogada. -o homem repetia, me olhando nos olhos completamente fascinado, confuso.
E somente com ajuda do amigo se, pois de pé.
-Chame a policia. -o jovem gritou para o amigo do outro lado da rua.
A essa altura havia me tornado o centro das atenções, todos me observavam caída e isso me aborreceu.Enquanto todos sussurravam levantando as mais diferentes hipóteses, e me dirigiam olhares cheios de nojo, desagrado, a rua se enchia de curiosos. Nas lojas próximas as pessoas olhavam através das vitrines. Minha cabeça parecia pronta a explodir, sabia que precisava sair dali, ou teria problemas. E sem que pudesse deter minha raiva ergui a cabeça e gritei, os espantando e conseqüentemente quebrando todas as vidraças da rua.
Uma chuva de cacos cobriu as pedras polidas, enquanto todos se abaixavam acreditando ser uma explosão. Um segundo depois os olhares aflitos, assustados buscavam-me no meio da rua e tudo que encontraram foi o vazio.
Refugiei-me no alto de um prédio e tentei compreender o que havia acontecido. Lembrei da face do vampiro e tive muito medo, quem seria ele. Seria alguém do passado, o futuro? O que fora aquela estranha visão. Seria comum? Normal sendo vampira ter tais visões. Jan jamais comentou ter algo assim... Senti sua presença e tentei fugir,mas ele estava muito perto. O cabo de minha espada estava à mão, a seu menor gesto de violência, agiria.
-Não tenha medo.- a voz do vampiro as minhas costas me fez recuar e esperar.
-Não estou com medo.-respondi realmente segura.
-Então qual o motivo de esta segurando o cabo de sua espada?
-Eu o conheço?-quis saber bancando a vampira inabalável. -O que deseja se aproximando?-perguntei esperando seus movimentos.
-Conversar. -o vampiro sugeriu despojado.
-Compre um papagaio. -Kara sugeri seca.
-Você é bastante insolente para os poucos anos de imortalidade que carrega. -ele disse provocador.
-E você bastante obtuso para os séculos que carrega,Bruce.-eu consegui captar seu nome por uma brecha de sua mente.
-Achei que fosse diferente,mas realmente me surpreende saber meu nome,ou tê-lo lido em minha mente. -começou Bruce.-Afinal, tem como mestre Jan Kmam,não podia ser diferente.-ele me avaliava,enquanto me rodeava a distância.-Você não mudou muito.
-Não pode me avaliar,não me conhece.
-Jan certa vez deixou que a visse,quando era cega.
-Jan certamente deixou que visse Thais,eu sou Kara,é diferente...
O vampiro gargalhou alto e tocou os cabelos de modo sensual.E fitou meu aborrecimento.
-Teimosa sei que é,tola jamais.
-O que deseja Bruce?
O vampiro caminhou até mim e por um momento acreditei que nada diria, pois fitou a rua metros abaixo e apontou algo.
-Veja,seu Sentinela.-ele riu.-É um dos melhores e agora compreendo o motivo.-ele falou com o dedo sobre os lábios sedosos cheios.-É uma perola muito rara e preciosa.
Ele estendeu a mão muito depressa e tocou meus lábios. Senti a carícia tarde demais para detê-lo, mas em retribuição coloquei a espada debaixo de seu queixo.
-Não ouse me tocar novamente.
Por alguns segundos pareceu somente pensar, hesitar. Por fim ergueu as mãos num gesto de que fora vencidos e recuou, numa clara demonstração de que se manteria distante. Mas ele não estava aborrecido, na verdade recebi um olhar atento, de certo modo, saudoso, terno. Subitamente o vampiro pareceu mais distante, a beleza do mortal que um dia Bruce possui, surgiu diante de meus olhos. Bruce não estava disposto a lutar, pude sentir que precisava me revelar algo importante. Então, quando falou novamente resolvi ouvi-lo:
-Conheço Jan Kmam- falou sincero.-Fomos apresentados na noite que se tornou favorito do rei. Chegamos a ser amigos, e quando ele foi dado como morto em 1872, estava na Itália. Soube do acontecido através de um conhecido em comum,o rei Ariel Simon,você o conhece?
-Não,não o conheço.Não é permitido.
-Vejo é que uma pupila aplicada.-brincou.-Confesso, fiquei entristecido.-Há alguns anos soube que ele havia reaparecido e vivia em Paris com uma jovem pupila. -parou por uns minutos. -Você certamente, Rose Blanche.-murmurou cordial me chamando de “rosa branca”.
-Por favor, me chame de Kara.-pedi observando semicerrar os olhos.
-Compreendo. -sopesou. -O visitei recentemente, na verdade saímos juntos, Kmam chegou a comentar?
-Jan Kmam tem muitos amigos, entretanto, conheço somente alguns deles. -afirmei realmente lembrando de algo parecido, talvez uma carta com o nome “Bruce” escrito em uma linda caligrafia. Voltei minha atenção ao vampiro e esperei que prosseguisse.
-Bem, Kmam me falou de sua presença na vida dele, dos tempos felizes que estava vivem depois de tudo. Mas não sonhei com apresentações, conhecendo Jan, imaginei que teria ciúmes.
-Deve saber que não é costume exibir vampiros recém gerados. -o lembrei.
-Conheço as leis, tão bem quanto conheço o temperamento de Jan Kmam. -murmurou sorrindo, mas não viu retribuição de minha parte. -Deve se perguntar por que a procurei. -ele estava ali com um objetivo.
-Prossiga. -fui dura como Jan Kmam me havia ensinado a ser com estranhos.
-Quero que veja algo. Ou melhor, alguém.Venha comigo.-convidou.
-Não é prudente e além do mais porque deveria confiar em você?
-Confia em Jan Kmam.Não é mesmo?
-Sim.-disse sem hesitar .-Ele é meu amante,meu mestre o vampiro que amo.
-Hoje você aprendera a confiar somente em si mesma.-Bruce afirmou sincero.-Apenas deixe que lhe mostre a verdade,que lhe dê a chance de fazer uma escolha.-ele falava por enigmas.

SEGUNDA PARTE

O segui, e certamente fiz algo condenável, ele poderia estar mentindo, e atacar-me, me ferir, era mais velho e poderoso. Mas precisava desmenti-lo, ri dele ou talvez simplesmente me deparar com a verdade. -Por quê?.-Talvez já houvesse percebido, ou simplesmente sentido com meu coração que ainda batia. O fato, é que, as palavras de Bruce me perturbaram, precisava ver com meus próprios olhos. Andávamos o tempo todo invisíveis aos olhos humanos, uma recomendação do vampiro, e quando paramos a casa simples e bonita surgiu. Notei o jardim bem cuidado, senti o cheiro da mortal, o sangue de seus dedos nos espinhos das rosas... Bruce tocou meu ombro e juntos, ocultos, esperamos algo que jamais imaginei ser possível.
Fui avisada pelo vampiro a manter a mente longe de Jan Kmam,era necessário,afinal ele estava se expondo a um grande risco.O desfecho de sua revelação poderia lhe custar a cabeça. Cinco minutos depois o vi chegar, era realmente Jan Kmam e a partir daquele momento tudo que desejava eram respostas.
Jan Kmam passou pelo portão tranqüilamente, não como o vampiro que se esgueira para pegar uma vitima,mas como alguém que já conhece a casa. Pegou a chave debaixo do gnomo e entrou. Nesse momento fui contida por Bruce,pois queria grudar-me nas janelas e ver o que se seguiria. O vampiro pediu que colocasse meus pés sobre os seus. Assim que o fiz,saímos do chão,na verdade, levitávamos dentro da escuridão. E ali no alto, curiosa e ao mesmo tempo fascinada com o poder apresentado por Bruce,esperei. Ele apenas me segurava junto a ele, enquanto esperávamos.
Uma jovem mulher apareceu, a cabeleira loira chamou minha atenção, o corpo sedutor, jovem. Jan Kmam surgiu atrás dela, na verdade ela o puxava pela mão, enquanto sorria, a acompanhar para o quarto.Em sua face desejo, fome, até mesmo carinho...Antes que chegassem a cama ele a conteve,a abraçou e beijou.Meu coração parou de bater,não conseguia respirar,mas ali no alto sustentada por Bruce senti meu corpo tremer.
O beijo longo, as carícias, o modo como a mortal cedia a Jan Kmam estava longe de ser somente sua “vitima”.Ela era algo mais, uma escrava de sangue, amante? Ele a despiu e um soluço magoado escapou de meus lábios. Bruce me segurou forte e quis afastar-se,mas não deixei:
“-Não!Deixe-me!Eu preciso ver.”-falei mentalmente.
Nua e lânguida, de pé a frente do vampiro ela esperou,enquanto ele a satisfazia,acariciando-a dando-lhe prazer. Mordida, os gestos carinhosos, a mão deslizando por sua cabeleira loira, sua face...O seu rosto!Toquei minha face e solucei novamente. Por um instante Jan Kmam parou, como se houvesse levado um puxão no corpo. Ergueu a cabeça, fitou o vazio além da janela. Mas a essa altura estávamos longe.
Bruce levou-me para um prédio abandonado a algumas quadras e me soltou, afinal o empurrava furiosa. Livre de suas mãos andei a esmo pelo quarto e por fim peguei uma das cadeiras e lancei sobre o velho guarda roupas a minha frente.
-Kara,acalme-se!-Bruce pediu, enquanto a via quebrar tudo a sua volta completamente enfurecida.
A vampira surgiu,Kara enfurecida, a libertou os olhos dilatados, as presas surgindo entre os lábios entreabertos. Por fim, a viu cair ao chão e soluçar. Bruce se aproximou e a tomou nos braços, Kara deixou-se ficar e por longos minutos apenas chorou sua dor. Não conseguia pensar em nada, só sentia o coração doer, como se nele houvessem cravado uma estaca. Subitamente empurrou Bruce e antes que ele pudesse detê-la Kara sumiu,saltou pela janela e desapareceu dentro da noite.

Continua...

Cena do próximo capítulo...

-Onde ela está?-Jan Kmam perguntou a Asti quase louco,enquanto Otávio apenas os observava mudo.
-A vi próximo ao Cemitério de Montmartre,mas ela não se deteve, sumiu diante dos meus olhos como se fosse uma vampira de quinhentos anos!-queixou-se,preocupada com Jan.-Nao consegui senti-la,seguir seus passos,sinto muito.O que aconteceu?
-Eu não sei.-ele realmente não supunha saber.-Ela simplesmente não voltou para casa,sumiu a três dias.-Jan Kmam andava de um lado a outro,estava na casa de Otávio.-Não consigo sentir sua presença...Ela não quer minha presença...Está fugindo de mim.-falou rouco pela agonia que sentia.

sábado, dezembro 08, 2007

(Foto de Eva Green-Alterada)
Kara e Jan Kmam
Por
Nazarethe Fonseca

Todos os direitos reservados a Autora®

Capítulo V- Escolhas do Coração

Três noites mais tarde Jan deixou Kara buscar alimento na Rua Galande, sentia-se seguro sabendo que Marques a vigiava. Seus passos os guiaram para perto das animadas “tavernas”,pelo menos era assim séculos atrás.Um pouco depois de alimentar-se sentiu-se seguido por um conhecido, um amigo de caminhadas e aventuras, Bruce. O vampiro se aproximou na rua movimentada e logo estava caminhando ao seu lado como há anos atrás fizeram por um curto período de tempo.
-Soube a poucos dias que estava vivo.
O vampiro falou fitando Jan Kmam sem esconder sua alegria, e contentamento. Ele, assim como todo do mundo vampiro, acreditou que Jan Kmam houvesse sucumbido há um século atrás sob a força do fogo.
-Ariel foi o portador de tão encantadora notícia. -falou e parou no meio da rua, esperando por seus movimentos.
-O rei passou um comunicado há quatro anos, onde estava?
-Recluso em Veneza, na verdade, dormindo. -disse com os olhos brilhando, atentos, por fim sorriu encantado. Os lábios sedosos cheios de vida,alimentara-se a poucos minutos. -Ariel conseguiu me desperta com tão alegre notícia...Por favor, deixe-me abraçá-lo.-pediu com os olho febris.
Jan Kmam parou e abriu os braços em sua direção. Ele o abraçou-o forte e antes que pudesse fugir beijou sua face. Jan apertou-lhe o ombro sorrindo de seu gesto desmedido, apaixonado. Conseguiram uma mesa numa das tavernas próximas e logo estávamos servidos de vinho e conversando sobre os velhos tempos. Havia uma divida um século atrás ele salvou-lhe a vida, não podia negar atenção a Bruce, alguns minutos não faria mal. Os traços de Irlandês estavam evidentes, não dava para fugir, mas este talvez fosse seu encanto. O cabelo cacheado, castanho muito claro, como os olhos, fingia sorver o vinho os olhos fixos no amigo. Jan notou e ergueu um brinde e ele aceitou:
-Aos velhos tempos.
-A força de sua imortalidade.
-Então esteve com Ariel em Veneza?-Jan disse mudando o rumo da conversa rapidamente.
-Sim, Ariel permite que fique no palazzo, isolar-me um pouco, lá é o lugar certo para isso. Mas quando Ariel me deu a boa nova resolvi ver pessoalmente.
-Alegro-me também em vê-lo, Bruce.
-Ainda na velha mansão...?-quis saber e se corrigiu.-Que tolice a minha Gustave a vendeu dois anos depois que “morreu”.
-Eu soube, Otávio me contou.-revelei sem pesar.-Mas o que tem feito Bruce?
-Lamentado seu desaparecimento, acompanhei Ariel e duas viagens e me refugiei em Veneza, arranjei mais confusão do que pude lidar.Fiquei lá alguns anos e assisti a queda de Lothar de camarote.
-Lothar caiu em desgraça?-Jan semicerrou os olhos nada surpreso.
-Sim, após matar sua pupila, foi duramente castigado por Ariel. Mas acredito que a Caixa é nada comparado aos seus crimes... -comentou pensativo, tristonho.
-Como alguém pode suportá-lo, me pergunto. -Jan divagou debaixo do olhar sombrio e reflexivo de Bruce que por alguns minutos perdeu toda a alegria.
-Ariel cuidou dele pessoalmente. -Mas e você, como está? Soube que perdeu sua amante no incêndio. –ele buscava respostas para suas duvidas.
-Jamais a perdi, hoje posso compreender isso. A reencontrei. -Jan afirmou vendo o brilho da desilusão e tristeza no olhar de Bruce. -Estamos finalmente juntos.
-Então Ariel não mentiu. -Bruce revelou mergulhando em pensamentos que não ousou revelar,mas estava estampado em seu rosto que omitia algo.
-De certo, que o rei não mentiria.
A tristeza estava estampada na face de Bruce, que esperava encontrar Jan Kmam só e tentar mais uma vez permanecer ao meu lado.
-Caminhe comigo, este lugar se torna opressivo. -Bruce queixou-se um tanto perturbado.
Jan Kmam pagou a conta e logo estavam novamente caminhando pelas ruas sem rumo certo. Logo estava em uma praça deserta e lá se acomodaram num banco.
-O rei já viu sua escolhida?-Bruce ergueu as sobrancelhas de modo frio.
-Conhece as leis tanto quanto eu, Bruce, quantos séculos arrasta sobre estes ombros? Quinhentos?-brincou rindo de sua pergunta no mínimo “estranha”.
-Quinhentos e cinqüenta. Mas sinto-me como a cavalaria: “sempre atrasada”. - afirmou sem medo de demonstrar o que sentia.-Quando soube que estava vivo isso me alegrou, mas não acalmou meu coração...
-Bruce...-Jan o censurou de imediato.
-Está feliz ao lado dela?-Bruce perguntou decidido, forte.
-Sim, Bruce muito feliz, e desejo que encontre tal felicidade.Você precisa amar alguém que o ame.-Jan continuou a falar com muita segurança.Apesar de haver desconforto e exasperação na voz.
-Eu o amo, sabe disso Jan Kmam. –Bruce afirmou seu medo.
-Não posso corresponder a seu amor, jamais pude, compreenda. –Jan respondeu suave. -Estou do lado da vampira que amo e amarei até o fim dos tempos.
-Ela o faz feliz Jan Kmam?-o vampiro de olhos cor de mel perguntou sério, enquanto apertava o cabo da bengala que usava, mas por estilo que necessidade.
-Kara me faz muito feliz, sem ela não sei viver dentro da imortalidade. Nós nos amamos Bruce, compreenda... -responde educadamente, pois não desejava ferir o coração do vampiro que salvou-lhe a vida.
-Já basta.-Bruce pediu sofrendo.-Posso compreender que o perdi...Já vi a dor que sinto agora refletida em olhos como os nosso por diversas vezes,até mesmo, nos olhos do rei Ariel Simon ao perder a vampira que julgava ser sua alma prometida.Só não quero ver está dor novamente refletida dentro de seus belos olhos azuis, meu amor.
-Contenha-se Bruce,ou terei de partir. Quero que saiba que jamais me perdera como amigo.
-Por isso o amo. -divagou orgulhoso. -Está força, sua decisão... -calou-se ao vê-lo erguer o queixo incitado, mas permaneceu sentado.
Era o momento de partir, Bruce excedia o limite. Séculos atrás ele declarou seu amor e Jan declinou. As mulheres sempre o seduziram. Podia convidar um belo jovem, beijá-lo,afinal,buscava alimentar-se, mas jamais buscaria um companheiro. Otávio sempre foi o mestre, o pai, o irmão. O seu desejo de vampiro era alimentado por uma mulher, uma vampira. Era na curva de um belo par de seios, que apreciava mergulhar. Bruce não se levantou, simplesmente ergueu o cálice de vinho num brinde.
-Nada pode mudar o que sinto, hoje só tenho motivos para comemorar, você vive, meu querido, amigo.-frizou.
Jan Kmam inclinei-se agradecendo a lisonja e antes que partisse ele segurou sua mão e falou seriamente:
-Jamais o terei, contudo zelarei por sua felicidade, este será o melhor modo de dizer o quanto o amo. -falou sem medo. - É imperativo que saiba de Veneza, sobre Ariel, guardo um segredo antigo... -ele estava realmente nervoso. -Dê-me algum tempo de seu tempo Jan Kmam.-pediu .-É muito importante não, estou aqui por acaso. Na verdade, minha vida vai valer bem pouco para o rei, depois de revelar o que escondo há séculos.
-Não disponho de tempo Bruce.-Jan disse puxando a mão suavemente.
-O que vou lhe revelar vai salvar sua pupila, a se mesmo. -disse soltando a mão de Jan.- São apenas uns poucos minutos dentro de uma eternidade. Afinal em nosso mundo tudo beira o crime e a punição.
-Do que está falando?
-Do seu futuro, ele corre perigo.
-Vá direto ao ponto. -Jan insistiu perdendo a paciência.
-Estou falando do passado do rei e de Blanca,a pupila de Lothar.Você precisa saber a verdade agora.-insistiu e seus caninos surgiram entre os lábios.
Jan Kmam sentou novamente e resolveu ouvi-lo, ele sempre foi honesto jamais mentiu. Vinte minutos foi tudo que ele conseguiu suportar ouvir entre a incredulidade e a irá. Antes que pudesse se conter Jan o segurava pela garganta, e o socou jogando ao chão.
-São mentiras, mentiras sórdidas!-Jan rugia, transformado. -Não ouse se aproximar de mim novamente, pois o matarei.
Bruce não ousou segui-lo.


SEGUNDA PARTE

Jan Kmam estava confuso, mudo, havia um nó na garganta. Tentou esquecer tudo que ouviu, mas as palavras de Bruce eram como gritos em sua mente, forte demais para serem silenciados. Não!...Ao seu redor à noite parecia fechar-se opressiva,o peito doeu,era seu coração sangrando. O desejou ardentemente ver a face da amante, talvez ela lhe trouxesse alguma lucidez... A ouviu, seu coração bateu próximo, seu cheiro encheu o ar à volta. A voz de Bruce emudeceu,sumiu a luz do olhar de Kara o salvou das trevas, acalmou seu desespero.
-Advinha quem é?-Kara disse ficando na ponta dos pés para conseguir cobrir seus olhos.
-Não sei. -Jan murmurou entrando em seu jogo bobo, mas doce, inocente, que adorava participar como se fossem mortais, como se nada fosse tocá-los.
-Use seus poderes. -ela sugeriu num sussurro morno. -Vamos, advinha. -cochichou junto ao seu ouvido.
-Basta sentir o cheiro de rosa que vem de suas mãos.
Dizendo isso a Jan Kmam a puxou para seus braços com mais força do que pretendia e a cheirou, e sentiu como se mergulhasse num buquê de rosas.A beijou longamente e esqueceu as revelações,as mentiras sórdidas de Bruce,desejou matá-lo e talvez o fizesse na noite seguinte, o que ele pretendia?! O enlouquecer, destruir sua felicidade? Não! Não agora.
-Jan...?Ahh! Está me machucando... O que foi?Aconteceu alguma coisa...?-murmurei sentindo seu corpo contraído, tenso.
Segurei seu rosto entre as mãos e fitei os olhos escuros, cheios de frustração.
-Vamos para casa?
-E a aula com Togo?
-Deixemos para amanhã. –Jan estava abatido.
-Não é justo, assim jamais o verei.-reclamei,batendo o pé.
-Estou sem ânimo, perdoe-me quero voltar para casa...-precisava conter-se ou ela notaria, nada escapava aos seus olhos negros.
-Tudo bem meu amor.-disse preocupada.
No caminho de volta Jan Kmam caminhou em silêncio absoluto, perdido em pensamentos, nos problemas que comigo não ousava dividir. Não fiz perguntas, ele não responderia, não agora estava sobrecarregado com o peso de sua nova inquietação. Teria acontecido algo a Togo? O que o perturbava, tirava-lhe a alegria? Seus olhos estavam distantes, o modo como segurava minha mão. Encostei a cabeça no seu ombro e apenas o segui. Destrancou a porta do apartamento e vagou pela sala, enquanto eu acendia as luzes, foi para o aparelho de som e ligou. A música encheu e não demorou muito para que me puxasse para seus braços. O abracei e senti sua tristeza, assim ficamos por longos minutos. Ele só desejava me ter em seus braços, beijar-me lentamente, abraçar meu corpo junto ao seu tocar meus cabelos. Movia-se devagar, e por um momento o sentir estremecer.
-O que você tem meu querido?-perguntei segurando seu rosto entre as mãos. -Fale comigo, eu posso escutar...
-Apenas... Diga que me ama Kara.-pediu manso, rosto colado no meu.
-É claro que te amo...
-Diga. -pediu sério, carinhoso.
-Eu te amo Jan Kmam.
Imediatamente ele me envolveu em seus braços e beijou-me com ímpeto. E quando libertou meus lábios murmurou baixinho:
-Eu preciso de você para continuar, saber que me ama que vai ficar comigo... - disse tocando meu rosto. -Prometa que jamais vai me deixar, prometa. -insistiu olhando nos meus olhos.
-Jamais vou deixá-lo,estamos juntos.-gemi beijando-o de modo sôfrego, apaixonado. -Prometo jamais te deixar, mesmo que me mande embora, mesmo que disso dependa minha vida. -falei sem saber porque.-Está conversa está me assustando, o que está acontecendo, diga? -murmurei por fim.
-Estou inseguro, subitamente tenho medo de perder tudo.
-Não fale assim você me deixa confusa, temerosa.
-Sei como resolver isso. -me tomou nos braços e levou-me para o quarto, a cama. -Onde estamos Kara?-perguntou deitando-me no leito e se ajeitou sobre meu corpo.
-No quarto.-respondi jogando seu jogo, percebendo que ardia de desejo.
-Onde está o quarto?-quis saber buscando minha boca com os dedos suavemente.
-Dentro de nosso mundo. E aqui nada nos toca, ou fere, aqui só existe eu e você.E o tempo nos pertence, pois somos imortais.-gemi o puxando com carinho.
-Sim, sim.É assim que será, pois pertencemos um ao outro e nada nem ninguém vai nos separar.-afirmou beijando-me ávido.
-Nem homem ou vampiro. -brinquei fazendo-o me fitar alerta como se temesse minhas palavras.
Ficamos por horas entre beijos, abraço, carícias, sussurros, juras de amor e quando a manhã ele me abraçou junto a ele e assim dormimos. Ele não revelou o motivo de seu estranho comportamento naquela noite, ou porque desistiu das aulas com Togo.E passamos a viver quase isolados, até mesmo as visitas de Otávio tornaram-se mais escassas.Jan Kmam parecia manter-me longe de todos, mas estranhamente alerta a tudo a minha volta.
Impaciente, irritado, às vezes saia e só voltava na madrugada. Geralmente pensativo, com um perfume feminino em sua camisa, provavelmente de sua vitima. Nesses momentos evitava pensar como uma mortal desconfiada, que buscarias seus bolsos, marcas de batom. Afinal, o tinha por inteiro. Mas eu realmente só notei que havia algo errado quando Bruce surgiu.

Continua...
Cena do próximo capítulo...
Jan Kmam passou pelo portão e pegou a chave debaixo do gnomo e entrou. Nesse momento Bruce conteve Kara,pois ela queria grudar-se as janelas. Uma jovem mulher apareceu no quarto e logo depois dela Jan Kmam. Mas antes que chegasse a cama ele a conteve, a abraçou e beijou. Meu coração parou de bater, não conseguia mover-me.
-Kara Acalme-se!-Bruce pediu,enquanto a via quebrar tudo a sua volta completamente enfurecida.

sábado, dezembro 01, 2007



Kara e Jan Kmam

Por

Nazarethe Fonseca
Todos os direitos reservados a Autora®


Capítulo IV– Perguntas Sem Respostas.


O vampiro sentiu o odor alucinante do medo, do desejo, estava misturado ao suor da mortal, ao perfume suave que ela usava. Mas o olhar claro o desafiava a prosseguir, entregava-se a sua fome. Em seus olhos claros a mesma pergunta?
“-É a ultima vez?”
O sangue corria ligeiro em suas veias, o calor da pele, o coração batendo ligeiro, numa agonia conhecida... O Vampiro abocanhou a carne, a pressão dos lábios a fez gemer, a expectativa cresceu, os caninos perfuraram a carne, ela exclamou algo, sentiu dor, porque não haveria?Ela sempre existiria rodeada pelo prazer do beijo vampiro que dá e toma impiedoso.
Imóvel, trêmula sentiu a pressão aumentar.A mão do vampiro cobria o seio róseo, os lábios sobre a garganta frágil, os caninos cravados na carne. Ele sugava de olhos fechados e quando os abriu havia neles um brilho estranho. Afastou os caninos,arfante e a viu pestanejar quase desfalecida, a tomou nos braços e levou para o quarto. Exausta Alma adormeceu nos braços de Jan Kmam, e assim ficou por uma hora. Ele esperou, tinha tempo e enquanto a mortal se refazia, brincou com seus cabelos loiros entre os dedos. Era impossível a ele não fazer comparações, perguntas. A situação era absurda, atípica.A observava até a exaustão buscando o motivo?
Sondava os mistérios de sua face, de seu corpo, viu sua pele arrepiar-se, ela estava com frio. Puxou o lençol e antes de ocultar os seios perfeitos quase buscou a rosa tatuada, afinal eram idênticas. Cobriu-a cuidadoso, tinha saúde frágil. E ali entregue aquele doce “pecado”, perguntou-se porque estava na cama com uma copia perfeita de Valeria, ou seria Thais, ou Kara? Cabelos tão dourados quanto o sol, a mesma altura, o tom da voz, alguns sinais, as formas do corpo... Os pés pequeninos, o desenho de suas orelhas.
Isso o vem torturando, o deixando dividido, culpado. Ele compreende que vêem mentindo para sua amada há meses. Como começou?Como termina? Ele não saberia dizer. Era uma estranha até um ano atrás, só mais uma vitima, mas ao ver sua face sob a luz do poste Jan Kmam se deteve. Confuso, seguiu a mortal até sua casa e esperou vigiando-a pelas janelas buscando respostas. Estancou diante da porta, a seguia pelas janelas de vidro e ao sentir cheiro de sangue entrou pela janela quebrando os vidros.
O vampiro a encontrou dentro da banheira, os pulsos cortados, a consciência se perdendo dentro de um rio de sangue. Ela o fitava e sorria, estava muito longe,perdida na lassidão da perca de sangue,mergulhada na ilusão que morreria. Jan Kmam não pode permitir, não podia deixá-la morrer sem respostas... Fechou os cortes com seu sangue, somente o suficiente para não morresse. Esperou que despertasse ainda sentindo o sabor de seu sangue na boca.
“-Como é seu nome?
“-Alma...O que aconteceu?
“-Tentou matar-se, eu não permiti. -Jan falou com tranqüilidade observando-a sentada no leito,estava bastante pálida.
“-Quem é você?-disse fitando os pulsos buscando os cortes.
“-Alguém que deseja que continue viva.-resumiu.
“-Saia!Saia daqui...-pediu ríspida,envergonhada.
“-Não é tão fácil assim.
“-O que fez,como fechou os cortes?
“-A presenteie com algo que desejava. -Jan falou de posse de sua carta de suicídio.-Saúde,vamos ver quanto tempo dura.-ele resumiu,pois não sentia mais em sua presença o cheiro da doença.
“-O que deseja afinal?
“-Respostas.-disse muito firme.-De que parte da França sua família vem?
“-Provença...-ela o olhou e ligou o abajur.
Debaixo da luz a beleza singular de Jan Kmam ficou evidente assim como o toque de sua imortalidade. Ele sentiu o toque de seus olhos sobre seu corpo, nos lábios, o modo como ela admirou seus cabelos tão loiros quanto os dela.Em sua mente ela compreendia que estava diante de um homem “diferente”.
“-O que é você afinal, a morte?
“-Ela jamais me aceitou na sua folha de pagamento, apesar de ajudá-la há muitos anos. Olhe para mim. -Jan ordenou e viu nos olhos verdes uma mulher que julgou já estar em seus braços.-“Ninfa”.-murmurou.
“-Preciso ir. -falou fitando a noite através das janelas.-Mas tenha certeza de que voltarei.Quero que me prometa uma coisa.
“-O que quer de mim?Estou morrendo,leu minha carta,tenho um câncer muito agressivo....
“-Digamos que eu o “controlei”, que te dei mais tempo. Então me prometa que não vai tentar novamente.
“-Não vou te prometer nada...
“-Qual o motivo? Porque vai se matar dessa vez,porque foi salva?
“-Meta-se com sua vida, eu cuido da minha.
“-Sua vida agora me pertence. Você me deve algo.-Jan falou ficando de pé junto a cama.-Prometa.-ordenou.
“-Eu...
“-Depressa Alma,minha paciência se esgota.
“-Eu prometo.
“-Ótimo.-Jan tocou seu rosto e sorriu.
“-Qual seu nome?-ela quis saber mais tranqüila.
“-A cura.
Jan Kmam deixou o quarto e antes que ela pudesse o seguir pela casa sumiu.Na noite seguinte voltou e se deparou com uma mulher mais tranqüila, arrumada, trabalhando. Desde que descobriu o câncer Alma vinha sofrendo com dores, nenhum dos tratamentos se mostrou eficaz e ela morria aos poucos.
A princípio Jan acreditou que a mataria, entretanto, isso não aconteceu, não conseguia, seria o mesmo que tentar matar Valeria, Thais ou Kara. Confuso hesitava apesar de Alma esperar o ataque sem medo algum. Ele voltava e silenciosamente a observava por horas intermináveis mudo.Alma lhe fazia pergunta,que muitas vezes não eram respondidas,quando isso acontecia, agia como se ele não estivesse na casa,apenas sentava-se e escrevia,movia-se por seu mundo. Enquanto ele buscava uma explicação lógica. Quando se sentiu segurou falou o que realmente era, um vampiro, nada de revelações maiores conversas simples cotidianas. Todavia, ficou claro para Alma que o vampiro nutria por ela desejo, estava no modo que seu olhar azul a fitava. Ela também se sentia atraída por ele, como não sentir, era magnífico. O corpo, sempre tão bem vestido e mesmo quando surgia a sua porta de jeans, camiseta e jaqueta de couro. Seu corpo reagia ao dele.

Segunda Parte


Cansada de observar e ser observada deu o primeiro passo, esperou sua visita e quando o viu sentar-se na poltrona que sempre ocupava.Ficou a sua frente e despiu-se a sua frente. Jan apenas a observou mover-se suavemente,entregar-se a ele,demonstra que o desejava.Ele ficou de pé e a rodeou,não a tocou simplesmente se inclinou e murmurou junto aos seus lábios,sem tocá-los.
“-Você não tem o direito de me seduzir.
A deixou sozinha no meio da sala e sumiu por um mês e Alma acreditou tê-lo perdido. Entretanto ele voltou e quando se sentou calmamente disse seguro:
“-Tocar você se tornou uma necessidade. Todavia, não espere tocar meu coração, ele tem uma dona”.
A verdade era necessária e não foi dita em tom humilhante,ele apenas deixou claro a Alma que jamais o teria completamente.
“-São dois passos Alma.-disse referindo-se a distância física entre que os separava.-Se der tais passos,deve estar pronta para suportar a solidão de minha companhia,o doloroso prazer de meus beijos.O silêncio de meu coração,não será minha amante,será parte somente de meu desejo.Quero tocá-la,possuir sua carne,sentir seu corpo,mas não sei porquanto tempo.Portanto a escolha eu lhe dou,ela não será minha.
Alma deu os dois passos, enquanto desatava o nó do roupão, e se aproximou entregou-se a ele sem reservas, sem perguntas, apenas o esperava, o possuía do seu modo. E era deste modo que ele vinha lidando com aquele estranho fenômeno chamado “Alma”.
-Você brigou com Kara novamente?
Alma havia despertado tirando Jan Kmam de seus pensamentos e lembranças,mas não se moveu,continuou quieta.
-É isso que pensa?Que só te procuro quando discuto com Kara?
-Apenas... Tive um pesadelo e os vi.
-Precisa dormir mais Alma. -Jan Kmam afirmou.
-Há muito a ser escrito, e o dia me parece muito curto, além disso, tenho pouco tempo. -Alma argumentou apoiando-se sobre o corpo nu de Jan Kmam.
-Apenas durma lhe fará bem. Preciso obrigá-la?
-Não gosto de dormir... -percebendo o olhar do vampiro sobre ela remendou. -Vou tentar, prometo.
Jan fitou seu braço e viu uma marca roxa.
-Te machuquei. -revelou pensativo.
-Não. São as marcas da tempestade. –divagou e tocou os cabelos claros. –Por que não me mata?O que pensa quando me olha por horas?
-Alma,já falamos sobre essas perguntas,não?
-Tenho curiosidade... Nada sei... Porque sonho com você?
-Quando curei seus cortes te dei parte de mim, quando te possuo também te levo comigo.
-O que sou?
-Uma mulher,uma mortal linda,um mistério.-falou pensativo.
-Eu vou morrer, então o que te impede de falar, de me dizer quem é você.
-Sabes muito, o suficiente para ser morta, teu sucesso, é a única coisa que te mantém viva. Eu não vou tolerar tuas perguntas.
-Melhor ir embora. -ela avisou afastando-se dele ressentida.
-Irei quando quiser Alma. Não gaste seu tempo me convidando a fazê-lo.
-O sol surge. -avisou seca já saindo do leito.
-Uma pergunta e mais nada. -ele afirmou fazendo-a sorrir. –Use está oportunidade com sabedoria.
-Como ela é, Kara?
-Realmente, o sol surge. -Jan Kmam disse saindo do leito, para vestir-se.
Alma compreendeu que havia ido longe demais e calou-se, afinal, pouco sabia da vampira que possuía aquele vampiro por completo. A invejava, e ao mesmo tempo admirava como ela seria, bela, forte? O que havia feito para tê-lo por completo?Alma vestiu o roupão e o viu arrumar-se lentamente. Estava de partida, caminhou até a sala e Alma o seguiu muda, pensativa, pronta para vê-lo sumir na madrugada. Jan Kmam parou antes de abrir a porta e a segurou pelos ombros e a beijou longamente.
-Ela é tão bela quanto tu eis. Pois, no jardim da vida, eu tenho direito, creio, a colher mais de uma rosa. Naquela madrugada Jan Kmam deixou a casa de Alma com algumas certezas, e dentro de sua constante interrogação não sentiu a presença de um velho conhecido. Além mais conhecia seu segredo. A cidade parecia cheia de surpresas. E Jan Kmam estava prestes a descobrir isso de modo bastante doloroso.

Continua...

Cena do próximo capítulo...



-Não disponho de tempo Bruce.-Jan disse puxando a mão suavemente.
-O que vou lhe revelar vai salvar sua pupila, a si mesmo. -disse soltando a mão de Jan.- Uns poucos minutos dentro de uma eternidade. Afinal em nosso mundo tudo beira o crime e a punição.
-Do que está falando?
-Do seu futuro Jan Kmam, ele corre perigo.
-Vá direto ao ponto. -Jan insistiu perdendo a paciência.
-Estou falando do passado, do rei e de Blanca,a pupila de Lothar.Você precisa saber a verdade agora.-insistiu e seus caninos surgiram entre os lábios.

sábado, novembro 24, 2007

(Imagem aperfeiçoada por Eric Novello-Escritor)


"Meus queridos amigos,este pequeno livro esta entre o livro Alma & Sangue, O Despertar do Vampiro I e II.É apenas um aperitivo,um desejo incontido de novamente estar com aqueles que amamos profundamente.Aproveitem,deixem seus recados,por favor,beijos Mordidos!"



Kara e Jan Kmam
Por
Nazarethe Fonseca
Todos os direitos reservados a Autora®


Capítulo III – A Outra

Chegando lá vestiu somente o roupão de seda negra com impaciência. Não prendeu os cabelos, ou procurou os chinelos, continuou descalço. E quando entrei no quarto ele foi para a cozinha se servir de um cálice de sangue.Mas podia sentir seu olhar sobre mim enquanto me penteava.
-Kara?
Surgi à frente de Jan Kmam de camisola e roupão e vi o cálice estendido. O recebi e sob seu olhar atento o sorvi inteiro e com ânimo.Estava realmente faminta e quando pedi mais ele sorriu manso.
-Quer que conte uma historia e deixe a luz acesa, ou consegue e voltar para sua cama sozinha?-desdenhou provocando, afinal minha pequena “aventura” o perturbava.
-Não seja cínico. -soltei ofendida para deixa o cálice vazio sobre o balcão.
-Melhor que ser mentiroso.-rebateu risonho.
Fui para o piano e comecei a tocar uma pequena área de Mozart e o vi sentar no sofá e retomar a leitura, ainda era cedo, pouco mais de dez horas da noite.
-Está atropelando a música. -reclamou.-Mozart não expressa raiva, tente Wagner.
-Não estou com raiva, estou entediada.
-Por que veio para casa tão cedo...Ah!Desculpe-me, caiu do prédio, pombos, não é mesmo?-debochou,afinal sabia que se me pressionasse falaria.
-Pelo menos não volto de madrugada.-soltei ferina.
-Ciúme de minhas caminhadas Kara?
-Aprendi a perder.
-Que mal-humor!-queixou-se.
Fui para a janela e lá chegando à primeira coisa que vi o estranho observando o apartamento do prédio diante do nosso. Sentia-me acuada, e previ o pior, Jan Kmam certamente notaria sua presença, poderia enfrentá-lo.
-Vou me recolher.-disse ficando de costas para a janela.
Jan Kmam fitou a noite com interesse, e quando pensou em dizer algo o abracei e beijei longamente, e tentei puxá-lo para longe da janela. Mas ele acariciou minhas costas, puxando-me para junto.
-Juro. -murmurou manhoso junto à boca delicada. -Por um momento chego a acreditar que está na TPM.
Kara o empurrou e fitou a face risonha, seus olhos soltavam chispas de raiva. E ela reagiu como amava e odiava, tempestuosamente, o empurrou com força, e provocou uma reação exaltada de Jan Kmam, que a enlaçou e a forçou a encará-lo.
-O que aconteceu, porque está assustada? Já fitou a rua três vezes em menos de cinco minutos!-reagiu cansado de sua teimosia.
-Nada aconteceu... -insistiu com as duas mãos em seu peito.
-Fale agora Kara, ou vou sair por aquela porta e descobrir sozinho.-ameaçou.
-Há uma “coisa” me seguindo.-calei-me debaixo de seu olhar atento.
-Ele é sua Sentinela.-revelou a contra gosto.-Ele cuida de um imortal apedido de seu mestre.-revelou sem saída.-Mas pelo visto é um incompetente!Afinal você o viu.-reclamou indignado.
Jan Kmam havia contratado “alguém” para vigiar-me! A raiva cresceu, afinal há andava escondendo-me, fugindo de minha própria sombra e a culpa era toda dele.
-Traduzindo para sua língua, minha “babá”!-rugi aborrecida, frustrada. -Porque arrumou alguém para me vigiar?
-Como descobriu?-quis saber intranqüilo sem lhe responder.-Foi Asti? -perguntou indignado.
-O senti, ouvi seu coração...Pensei que confiasse em mim...Droga!-reclamei furiosa.-Mande ele embora. -exigi cega pela raiva.-Não quero que me observe, enquanto me alimento...
-Então é por isso que vem chegando cedo, insatisfeita, faminta?-era transparente diante dele.
-Não confia em mim, em meus poderes como vampira.-revelei frustrada.
-Trata-se de sua segurança...E minha tranqüilidade Kara.
-Sim!-exclamei de punhos cerrados ele me avaliava.-Não tinha o direito de fazer isso.-queixei-me desgostosa.
-Não precisa ter medo ma petite.-disse tentando tocar meu rosto delicadamente, mas o repudiei.
-Medo?-Não estou com medo, estou furiosa. -expliquei.-Porque não confia em mim Jan? -argumentei sentida. -Eu lhe dei motivos?
-E você?-rugiu com os dedos fechados sobre seu pulso.-O que a impediu de me dizer que era seguida?-cobrou, detendo-me.
-Tive medo de que fosse enfrentá-lo, lutar por mim novamente.
-Farei mil vezes se for necessário Kara.-garanti tranqüilo.-Luto tão ruim assim mon chérie, para que fique preocupada?-quis saber apertando-me junto a mim.
-Jan!-reclamei contrariada, o empurrando ressentida.
Baixei a cabeça sentindo-me fraca, incapaz de lutar contra ele quando me abraçava daquele modo possessivo. Ele gargalhou lépido diante de minha luta. E cobriu minha boca num beijo faminto. Sentia os lábios inchados pelo beijo voraz, o coração aos pulos, seu perfume, os cabelos junto a minha face.
-Pare de esquentar essa linda cabecinha.Eu sei cuidar de nós dois.-disse acariciando seu corpo sob a seda do roupão.
Kara estava furiosa, geralmente depois de um beijo sorria e desistia da briga, todavia continuava zangada e Jan Kmam não podia lhe dizer o que era uma Sentinela, o que aquilo significava como controlar seu gênio forte sem magoá-la, ou machucar seu coração?
-Se houvesse me avisado sobre está “vigilância” não teria caído... -calei-me tarde demais. Jan Kmam deu um passo à frente.
-Então foi culpa dele...?!Ele espantou os pombos?
Sem alternativas relatei a Jan Kmam o incidente e o vi aborrecer-se profundamente. Foi para o quarto e se vestiu de qualquer jeito e quando sentou para calçar as botas imaginei seus planos. Ele ia matar o tal Sentinela.
-O que vai fazer?
-Nada.-disse seco, mentiroso.
-Vai matar o tal “Sentinela” não é?-perguntei vendo mudo.
-Vou!Satisfeita?
-Não!-rugi-Estou farta de ser vigiada como uma criança. Mas se isso o deixa tranqüilo, que seja. -afirmei magoada, vendo já de saída.
Segunda Parte

Jan Kmam foi ao château do Coucher du Soleil.Era necessário esclarecer o incidente sofrido por Kara,a Sentinela falhou,algo estava errado, elas não costumam falhar ou se deixarem ver. O certo é que, Jan ficou quase três horas conversando com Togo e quando deixou o château não se sentia mais seguro que antes, providencias havia sido tomadas para a segurança de Kara,mas elas seria suficientes?Ele teria de esperar pelo melhor.
O apartamento estava silencioso, Kara dormia profundamente agarrada aos travesseiros onde havia algumas manchas, lágrimas. Ele sentou perto e a observou dormir como um anjo. E se perguntou como protegê-la sem que notasse? Como lhe falar de sua Sentinela, das exigências do mundo em que viveria eternamente? Kara estava mudando a cada noite, tornando-se mais forte, mais poderosa.
Deitou ao seu lado, ela resmungou algo e se encolheu no leito fugindo de seu toque. Jan Kmam apenas a recolheu nos braços e em segundos estávamos abraçados dormindo como todas as manhãs faziam.
Acordei e vi a noite completamente estabelecida através das grandes janelas de vidro. Às persianas de metal foram erguidas, estava nos braços de Jan Kmam, ele brincava com meus cachos, no leito desfeito. Tentei me afastar lembrando da briga.
-Espere.-pediu suavemente me detendo na cama. -Preciso me desculpar, pedir que me perdoe. -falou segurando sua mão.
Kara nada falou,apenas tentou se erguer novamente do leito.
-Há perdão para meus atos de vampiro apaixonado?
Sentei no leito, enrolada no lençol e o olhei demoradamente.A camisa rasgada, suja de sangue.
-Vou pensar.-afirmei, ele merecia que fosse dura com ele.
-Quanto tempo?-perguntou beijando seu ombro.
- Algum tempo...Um século talvez.-disse olhando seu rosto bonito, quase sorrindo.
-Kara!É muito tempo.-falou pondo-me debaixo de seu corpo.
-Jan...!-gemi rindo de sua brincadeira, o abraçando.
-Pardon ma petite.-gemeu esfregando o rosto no meu, os lábios.
-No, no Jan Kmam.
-Petite,pardon?
-Oui...
Duas noites depois do incidente com Kara,os passos de Jan Kmam o trairão,o levaram diante de sua casa.O portão estava aberto,cruzou o jardim tocando as rosas bem cuidadas, deixando que elas perfumassem seus dedos,as mãos.Parou diante da porta de madeira e vitrais.Fitou o pequeno gnomo aos seus pés e o ergueu para pegar suas chaves.
Entrou e tirou o casaco. A casa decorada com moveis e objetos simples, delicados dava-lhe um ar extremamente caloroso, confortável. Poltronas macias, almofadas bordas, tapete de algodão, vasos repletos de rosas brancas. No ar havia cheiro de camomila e incenso. Os passos de Jan Kmam o levaram ate o escritório pequeno bem iluminado.
Fitou a mesa organizada dentro do padrão de sua dona.Folhas,livros,canetas e blocos de anotações.O computador e não muito distante a maquina de escrever. Jan pegou as folhas que certamente estavam sendo digitadas e corrigidas e começou a ler,por fim sentou-se na cadeira.
Vinte minutos depois Alma surgiu no corredor que levava ao escritório,estava metida num roupão de seda bordado,os cabelos ocultos na toalha,descalça.Ela estancou ao ver o vulto no escritório e quase soltou uma exclamação de medo,mas sentiu seu perfume conhecido e entrou sem medo.
-Gosta?
-Sim.-Jan respondeu num suspiro conformado.-Esta perfeito Alma.-afirmou agrupando as folhas sobre a mesa,numa única pilha.-Quando leio tuas impressões me pergunto se não escreve a bico de pena.Tua literatura está dentro das vozes dos que viveram a séculos e tão atual quanto qualquer escritor deste século,ou diria,melhor.
-Você é suspeito de elogiar-me.
Alma já estava à frente de Jan, quando ele ergueu a mão para alcançar a toalha. Ela sentou em seu colo e esperou que os cabelos caíssem numa cascata loira sobre os ombros delicados. Inclinou a cabeça e esperou pelo beijo que surgiu numa carícia suave, delicada, mas ao mesmo tempo faminta. Jan abriu o roupão e observou a seda champanhe deslizar sobre a pele suave de Alma. A sentou sobre a mesa num gesto decidido já a despindo, deixando-a ficar sobre suas anotações, enquanto suas mãos passeavam por seu corpo nu arrancando-lhe sussurros, gemidos.


Continua...

Cena do próximo capítulo...


-Você brigou com Kara novamente?
Alma havia despertado,mas não se moveu,continuou em seus braços.
-É isso que pensa?Que só te procuro quando discuto com Kara?
-Apenas... Tive um pesadelo e os vi.
-Precisa dormir mais Alma. -Jan Kmam afirmou preocupado.
-Há muito a ser escritor,e o dia me parece muito curto,além disso,tenho pouco tempo.-Alma argumentou apoiando-se sobre o corpo nu de Jan Kmam.

quinta-feira, novembro 15, 2007

(Imagem de Vitoria Frances artisticamente alterada por Jean S.Kuri)

"Meus queridos amigos,este pequeno livro esta entre o livro Alma & Sangue, O Despertar do Vampiro I e II.É apenas um aperitivo,um desejo incontido de novamente estar com aqueles que amamos profundamente.Aproveitem,deixem seus recados,por favor,beijos Mordidos!"

Kara e Jan Kmam

Por

Nazarethe Fonseca

Todos os direitos reservados a Autora®

Capítulo II – Aptidão


Dediquei todos os meus esforços a aprender, não ia decepcionar Jan Kmam e tão pouco perder minha liberdade. O ritmo das coisas mudou. Despertávamos, e juntos, saíamos em busca de alimento. Minha “reprovação” fez-me perder o direito de sair só, achei absurdo, mas não houve escolha. Precisava desesperadamente aprender a defender-me sozinha.
Treinava por horas seguidas, enquanto Jan supervisionava movimentos, postura, golpes. Quando o treino acabava às quatro da manhã sentia-me faminta, e de certo modo, exausta. Servia-me de um cálice de sangue morno e buscava a cama para dormir. E assim, durante um ano devorei livros,e até mesmo, pergaminhos surgiram para que adquirisse conhecimento.Tornei-me a “pupila”, poucos direitos e muitos deveres. Minha vida era somente estudar, treinar, comer, e amar Jan Kmam, e finalmente quando o sol se avizinhava de nossas janelas mergulhávamos nos lençóis e travesseiros de seda juntos. A cama, foi um assunto polêmico, gostava do caixão, mas definitivamente sentia falta da cama, Jan foi contra, achava perigoso. Todavia, quando mudamos para o apartamento ganhamos uma de presente do rei Ariel Simon. Claro, não uma cama comum, havia pertencido a um Marquês, que foi decapitado durante a revolução francesa,o objeto de arte deveria ter uns três séculos.
Junto com ela vieram persianas muito especiais feitas de chumbo. Segundo soube, desenhadas e fabricadas por um engenheiro militar para atender a um cliente muito especial. Depois de instaladas elas mantinham o apartamento protegido do sol, leves e fortes nos possibilitavam dormir na cama. Ou até mesmo ficarmos despertos durante o dia. Dormir numa cama significava poder acordar do sono vampiro uma ou duas vezes. Nos primeiros seis meses confesso, que não consegui, a sonolência era demasiado grande. Um ano depois já conseguia despertar e podia ver Jan lendo, vendo TV,distraindo-se,até mesmo treinando sozinho,peito nu,movendo-se pelo piso limpo, cortando o ar com a espada.Metido apenas na calça de pijama, a camisa era minha,e foi fácil fazê-lo admitir que a cama,foi uma boa idéia.
Quando finalmente o treinamento chegou ao fim fui submetida a uma prova.
-Pronta?
-Sim, estou. -afirmei diante de Jan Kmam de espada em punho.
Ele fez o primeiro movimento e as espadas se encontraram, a luta começou. Mantinha a atenção em seus movimentos, gestos e olhos, sabia que não poderia vencê-lo, mas precisava resistir o máximo possível sem que houvesse cortes. Para passar era necessário lutar por vinte minutos sem intervalos e sem nenhum corte, a camisa branca foi exigência.
O relógio marcava o tempo, o tique taque, o som de nossos passos, as espadas, era o que se ouvia,enquanto investia e recuava, saltava e mantinha uma postura de luta contra um oponente forte, que parecia somente evitar meus golpes, sem nenhum esforço. Entretanto, daquele combate dependia minha liberdade, investi de modo ousado e perigoso, tentava tocar Jan Kmam. A ponta da espada só conseguiu cortar sua camisa de seda negra. Foi o suficiente para fazê-lo avançar com força, corri pela sala e saltei, quando cai ao chão era esperada por sua espada. A lâmina apontava para minha garganta. Mas havia saída e a usei, joguei-me ao chão e com os pés impulsionei o corpo para trás,fugindo de suas investidas,quando fiquei de pé arquejando tudo que me restava era esperar por uma nova investida. Jan Kmam olhou para o relógio, sorriu, e falou baixando a espada:
-Parabéns Kara, você conseguiu.
Fitei minha camisa branca, intacta e sorri vitoriosa, gritei de alegria para me jogar em seus braços e o cobrir de beijos.
Conquistei a confiança de “meu mestre”, saia sozinha, ainda era a “pupila” como Jan fazia questão de me lembrar,quando o desobedecia,mas conquistei seu respeito e deixei Otávio bastante admirado, afinal, fiz questão de me exibir. Entretanto, nem tudo são flores.

SEGUNDA PARTE CAPITULO II

Cinco anos se passaram e minha evolução como vampira seguiu seu curso “normal”.Foi nesse ponto que tudo começou lentamente a mudar.
Deixei a Rua Grenelle furiosa, Otávio não me recebeu,simplesmente avisou da saída súbita de Asti pelo interfone, e desligou. Deixando evidente seu desagrado a minha visita. Jamais me tolerou! Caminhei por alguns minutos e por fim resolvi andar como uma vampira, pelos telhados. Sentia-me livre e poderosa. A sensação durou pouco, pois senti “ele” novamente. Ocultei-me nas sombras e esperei seus movimentos.
Paris desde minha chegada se mostrou uma cidade encantadora, mágica, mas depois de cinco anos, quase inacessível. Descobri-me vigiada, seguida! A princípio tive receio de relatar tal desconfiança a Jan Kmam, já que me trancaria dentro do apartamento e lutaria com o intruso. Resolvi descobrir quem era minha “sombra”, busquei o conselho de Asti, mas infelizmente sequer consegui vê-la. Estava realmente assustada, percebi que aquela “criatura” vigiava-me, enquanto me alimentava, por onde andava. Há quanto tempo ele me seguia? Meus sentidos de vampira haviam evoluído e com eles a certeza de ser constantemente observada. Cansada das sombras, resolvi enfrentá-lo. A princípio me esgueirei pelas paredes, chegando o mais perto possível, precisava identificá-lo de algum modo. Antes que pudesse fugir saltei e cai a sua frente. Assombrado correu em fuga. O segui, não ia deixar que desaparecesse sem me dá algumas respostas.
__Pare!
A borda surgiu, ele saltou ligeiro e alcançou o prédio vizinho, mas ao tocar o cimento topou e caiu espantando os pombos do telhado. Em questão de segundos me vi rodeada pela revoada, eles feriam meu rosto, minhas mãos, e na tentativa de fugir escorreguei, despenquei da borda.
As caixas de papelão amorteceram precariamente o impacto. Sentia gosto de sangue na boca, as costelas estavam quebradas, o joelho ferido. Havia muita dor, um pedaço de vidro jazia enterrado em minhas costas. Via tudo através de uma cortina rubra, o coração estava disparado. Desci da caçamba de lixo, que me acolheu duramente e senti os ossos voltando lentamente ao lugar... A cabeça doía e havia sangue nos cabelos... A primeira coisa que fiz foi afastar minha mente de Jan Kmam,ele não podia saber daquele incidente.
Tentei me recompor, sangrava muito, sentia-me fraca para voltar pelos telhados. Peguei um táxi e vi o taxista olhar-me curioso, certamente acreditou-me surrada por um namorado violento. Com sorte Jan Kmam não estaria no apartamento. Minutos depois paguei pela corrida e sem perceber sujei a nota de sangue. As luzes do apartamento estavam acessas.
__Droga!__xinguei baixo.
Jan Kmam havia voltado! Ele sempre demorava, porque hoje resolveu chegar cedo?! Ajeitei o cabelo e fechei a jaqueta. Peguei a chave e notei a mão trêmula, o pingo de sangue que deslizava por meu pulso. Entrei e encontrei Jan deitado no sofá lendo.
__Voltou cedo meu amor.__Jan disse ao me ver entrar.
__Sim...Você também.__respondi fingindo naturalidade.
__Estava sem ânimo, além disso, queria ler um pouco.__disse mostrando o livro.
O sangue escorria por minha cintura. A dor forte me fazia tremer um pouco.
__Se alimentou?__perguntou distraidamente folheando o livro.
__Já, já...Vou tomar um banho...
__Asti ligou, pediu desculpas teve um compromisso inadiável.Foi vê-la? __Deveria ter ligado antes, sabe que Otávio não recebe ninguém de surpresa.
__Eu marquei hora.__continha-me,mas sentindo o sangue fluir me calei.
__Então falou com Otávio?__perguntou erguendo a vista para me olhar vigilante, pois acreditava que fazia birra com seu “ex-mestre”.
__Falei.__foi quase um monossílabo grosseiro.
__Discutiu com Otávio outra vez?__quis saber sério diante de meu silêncio.
__Não!__falei mais rudemente do que pretendia, era a dor esgotando minha calma. Jan me olhou com mais demora.__Asti teve de sair... __ amenizei, a voz falhou.__Vou banhar.__anunciei segurando a jaqueta em dores. Desviando sua atenção.
__Ótimo, vou com você.__se convidou fechando o livro com um olhar sensual.
__Não...!Não vou demorar.__recuava lentamente.
__O que te perturba?__perguntou fitando-me curioso.
__Nada.__disse caminhando de costas, afinal o jeans estava sujo de sangue. __Estou ótima, quero apenas um banho...__vacilei, a vista escureceu. E só então lembrei que na pressa de falar com Asti não havia “comido”.
Jan Kmam largou o livro e antes que tocasse o chão segurou-me pela cintura. Meu grito o fez afastar as mãos imediatamente. Olhava-me confuso, preocupado.
__O que houve...?Você está sangrando!__disse fitando as próprias mãos cobertas de sangue.__O que aconteceu Kara?Fale comigo, por favor.__pediu vendo-me agarrada a seu ombro e por fim fraquejar.
__Cai de um prédio...Ai!__gritei quando Jan Kmam me ergueu nos braços.
Carregou-me para o banheiro e lá me sentou sobre a bancada do lavatório. Nervoso, ajudou-me a tirar a jaqueta, ouvindo-me gemer de dor. A camisa ensopada de sangue o apavorou e o fez tocar os cabelos de modo aflito.
__Merde! O que aconteceu Kara?!Kara?__chamava vendo-me quase perder os sentidos, fraquejar sobre seu ombro.
__Cai de um prédio...__disse fraca,sonolenta.
__Você está branca como papel Kara!__queixou-se vendo meu sangue fluir rapidamente. A cicatrização estava lenta demais.__Precisa ter cuidado...E se houvesse desmaiado?__ele fazia conjecturas.__Ficado a mercê de um mortal?!__falou tentando desabotoar os botões nervosamente, enquanto eu gemia de dor.
O tecido de minha blusa estava dentro da carne preso nos cacos de vidro. Vendo-me sofrer com cada movimento, rasgou a camisa e deixou-me somente de sutiã.
__Mon Dieu!__Jan Kmam exclamou ao ver minha carne pálida ferida.
Observou com preocupação, os hematomas, o corte, as perfurações. E nas minhas costas o pedaço de vidro enterrado, atravessado no quadril. O sangue sujando-lhe as mãos, meu rosto, pois chorava de dor.
__Ai...!__gemi trincando os dentes, tentando conter-me, mas ao sentir seus dedos puxarem o vidro gritei.__Ai!Está doendo...!__chorava segurando seu braço, tentando deter seu gesto.
__Agüente firme meu amor, preciso retirar o caco de vidro, está perdendo muito sangue.__dizendo isso tocou o caco novamente.
__Pare...Espere Jan... __arquejei vendo-o deter o gesto.
Estava em desespero, não estava acostumada a sentir dor.
__Ajude-me Jan...__pedi encostando a cabeça em seu ombro.
__Olhe para mim.__pediu vendo-me obedecer,chorar de dor.__Isso, não tire os olhos dos meus.
Sem aviso puxou o caco de vidro para ouvi-la gritar, cravar as unhas nos ombros de Jan Kmam.
__Pronto mon amour...Acabou, acabou.__disse afastando meus cabelos do rosto suado, sujo pelas lágrimas.
E por fim abraçou-me carinhosamente, enquanto soluçava. Abriu a camisa e me fez beber de seu sangue. O mordi, abracei forte,ainda trêmula para sentir as forças voltarem vagarosamente ao meu corpo,os cortes fecharam-se,a dor sumiu.
Enquanto a banheira enchia lentamente ele me despiu, pouco depois mergulhamos juntos no banho morno que tanto apreciava. Faria bem ao meu orgulho ferido. Sempre detestei depender, precisar de alguém, e aquele incidente mostrou-me uma realidade cruel. Não admitiria, mas senti medo, muito medo. Repousava recostada no peito do meu amante, o cabelo preso no alto da nuca. A mão sobre seu joelho, afinal sua perna forte amparava-me. Estava de olhos fechados, sentindo o vapor subir,o silencio,o corpo de Jan,que apertava a esponja sobre meus ombros, observando a água tocar a pele vampira de modo único.
__O que aconteceu mon chérie? O medo de altura voltou?__estava curioso. __Calculou mal à distância?
__Pombos voaram a minha frente quando saltei, perdi o equilíbrio e despenquei. __disse suave, não estava longe da verdade.__E a cicatriz?
__Vai sumir completamente.__afirmou tocando o risco claro na pele. __Pombos?__ Jan insistiu pensativo.__Eles se assustaram com o quê Kara?
__Quando passei os assustei.__completei tensa.
__O que pretendia fazer? Trancar-se no banheiro e não pedir minha ajuda?
__Eu não queria que se preocupasse comigo...
__Por que Kara?__quis saber torturado. __É meu dever, sou seu mestre.
__Foi apenas um acidente bobo, sou imortal, não sou?
__Sim, é imortal, mas pode sofrer mutilações, que teria de carregar eternamente. Não precisa se arriscar desnecessariamente.__disse beijando meus ombros, a nuca. __Além disso, você me afastou de sua mente. __revelou seguro.__O que mais não quer que eu saiba Kara?
Seu tom de voz firme, a pergunta direta. Estendi a mão e peguei o roupão, Jan não me impediu. Continuou dentro da banheira majestoso, fitando-me como o mestre e amante, esperando por meus movimentos, por minhas mentiras.
__Está sempre desconfiando de tudo que digo e faço.__reclamei sentida.
__Porque se aborrece, quando sabe que é meu dever como seu mestre?
__Vigiar-me, desconfiar?__lutaria até o fim por minha liberdade.
__Kara, não faça drama.__reclamou, erguendo-se para pegar a toalha.
Ficou a minha frente, enquanto enrolava a toalha na cintura, empurrava os cabelos úmidos para trás e prosseguiu:
__O que fez hoje merecia punição.__censurou com firmeza.
__É isso? Quer me punir, usar seu poder de “mestre”?
__Kara...Não seja atrevida.__pediu.
__O que fiz?__fingi desentendimento. __Eu apenas despenquei de um prédio...
__Não se faça de tola Kara!__falou pondo as mãos na cintura larga.__Você me afastou de seus pensamentos, para que não sentisse sua dor e medo.__disse usando todas as palavras. __Quem te ensinou a fazer, Otávio?- pensou e por fim revelou seguro. __Não, ele jamais o faria, foi Asti, não foi?__Jan Kmam cobrou aborrecido.__Ela não tem o direito de passar por cima de minha autoridade.Eu decido o que você deve ou não aprender Kara. Além disso, é um dom de proteção e não de vigilância como acreditar ser.
Jan Kmam deixou o banheiro e foi para o quarto sem ouvir meus pedidos de desculpa.
A paz estava quebrada e muito mais estava por vir.

Continua...

Cena do próximo capítulo...


__Não há nada lá fora,Kara.__Jan falou,mesmo fitando a sombra além da janela.
__Nada?!__disse.__Tem certeza Jan?__cobrei enraivecida.
__Absoluta.__garantiu, afinal era cedo para que sentisse a Sentinela.
__Mentira! Porque está mentindo Jan Kmam?! Há uma “coisa” me seguindo... Nem vampiro ele é...__calei-me debaixo de seu olhar atento.
__Ele é sua Sentinela.__revelou a contra gosto.
__Minha o quê?!__perguntei confusa.
__Ele cuida de um imortal apedido de seu mestre.__Jan revelou sem saída. __Mas pelo visto é um incompetente!Afinal você o viu.__reclamou indignado.
__Traduzindo para sua língua, minha “babá”!__rugi aborrecida, frustrada. __Porque arrumou alguém para me vigiar?

quinta-feira, novembro 08, 2007



(Imagem de Vitoria Frances artisticamente alterada por Jean S.Kuri)


"Meus queridos amigos,este pequeno livro esta entre o livro Alma & Sangue, O Despertar do Vampiro I e II.É apenas um aperitivo,um desejo incontido de novamente estar com aqueles que amamos profundamente.Aproveitem,deixem seus recados,por favor,beijos Mordidos!"




Kara e Jan Kmam
Por
Nazarethe Fonseca
Todos os direitos reservados a Autora®

I Capitulo - Aprendizado


-Mais forte Kara!- Jan gritou irritado. -Está lutando e não tocando piano!
Jan Kmam andava pela sala, sondando meus golpes. Movia-me de espada em punho tentando me proteger de suas investidas rápidas, violentas, mas não conseguia fugir, defender-me com rapidez, era lenta, sentia as mãos doerem, sangrarem e quando cai no chão indefesa aos golpes de Jan Kmam, pela terceira vez ele me fitou com aborrecimento, mas estendeu-me a mão que recusei de imediato. Fiquei de pé e me coloquei novamente em posição de combate. Jan deu-me as costas e sem que esperasse voltou-se rapidamente em ataque, ergui a espada e tentei segurar o golpe, mas falhei e cai novamente.
-Não está pronta para enfrentar um combate simulado, quanto mais uma luta de verdade!-rugiu aborrecido. -O que tem feito Kara, por que não tem treinado?
-É só o que faço, treinar!-falei alto, ainda no chão, sem aceitar sua ajuda. -Eu sei me levantar sozinha. -disse empurrando sua mão vendo que se aborrecia.
-Não grite comigo. –avisou firme. -Quem está diante de você é o mestre, não o amante, não vou hesitar em punir você Kara.
-Eu estou fazendo o melhor que posso... -reclamou rouca.
-Mentira! Está lutando como um mortal. Levante-se do chão e lute como uma vampira que é!-ordenou me provocando.
-Estou usando meus poderes. -disse já de pé.
-Está apenas contendo meus golpes. Lute, invista contra mim. Você não vai me machucar Kara. -reclamou.
-Eu sei...!
-Mas não demonstra, Kara.-continuou cobrando.-Um ano e não sabe nada!-soltou indignado com minha falta de conhecimento. -Com o que sabe não tem condições de chegar à esquina sozinha. -ele rugia em francês. -A partir de hoje vai se alimentar, e voltar para treinar todas as noites. Acabou a folga!
-Que folga Jan Kmam?-cobrei soltando a espada no chão com força. -Desde que Otávio sugeriu as “aulas” você vem me torturando com isso!
-Ah!Então é isso!-ele conseguiu argumentos. -Não quer aprender porque foi Otávio que “sugeriu”.-se corrigiu, pois estava falando sem perceber em português.-Fale em francês, ou não fale. Afinal,é mais uma das coisas que tem de aprender.
-Merde!-soltei. –Vê,foi francês.
-Kara!Não seja atrevida. -avisou.
-É a verdade, você está me torturando porque Otávio quer.
-Otávio não tem nada haver com isso. Trata-se de sua segurança.
-Estou envergonhando você, Jan Kmam, é isso?
-Não Kara! -rugiu indignado. -Você precisa aprender para se defender lá fora, onde existem outros.
-Outros?Eu nunca os vejo, ou sinto. Por certo você me afasta deles. - desabafei. -Há algumas noites atrás vi Asti conversando com um vampiro a mim desconhecido. Assim que me viu, ela fugiu o levando consigo como se eu fosse uma “coisa”. Eles me evitaram... -reclamei magoada.
-Kara... -Jan chamou incrédulo, perplexo com minhas revelações.
-Seus “amigos” me desprezam, não sou bem-vinda, Otávio o quer só para si, sente ciúmes de nosso amor. -queixei-me.-Eles acreditando que a qualquer momento vou ferir você.-falei magoada. -Joga indiretas, me excluem, ignoram-me quando não está comigo.-minha voz sumia.-Asti me tolera para não magoá-lo, afinal ela o ama tanto quanto ama Otávio.-desabafava tudo que vinha sentindo naqueles últimos meses. -Nunca serei um de vocês... Eles me acham inferior, eu sei que sim. -disse rouca de raiva. -Sou um fantasma e só é real quando estou ao seu lado, lá fora não existo, morri!-solucei furiosa.
-Kara, o que está dizendo?-falou, me segurando impedindo que fugisse.
-A verdade que insiste em não ver...-disse com o rosto encoberto pelos cabelos.
-Olha para mim Kara.-ordenou com a voz pesada, soltando a espada para me deter com as duas mãos.-Você é minha mulher, eu te amo, quero o melhor para você. -disse ao ver meu rosto sujo com lágrimas de sangue.-Quero que aprenda a se defender, pois existem, sim, outros vampiros lá fora. E eles são como nós, perversos, cruéis. E você é doce e suave, quando vai se tornar uma vampira?-me perguntou envolvendo-me com carinho.
Recostei a cabeça em seu peito e chorei agarrada a ele, sentia-me confusa. E quando ergui a vista encontrei seus olhos muito azuis e dentro deles só havia carinho e doçura.
-A verdade é que todos os novos têm de aprender a se defender. -começou segurando meu queixo. -Eu estava negligenciando você, que me envolve e amolece com esse olhar negro. Domina-me com essas mãos pequeninas. -disse beijando meus dedos sujos de sangue. -Mas Otávio me corrigiu, lembrou-me de minhas obrigações para com você.- revelou segurando meu rosto aborrecido.-Má Petite, lembre-se do que lhe revelei, das coisas que tive de aprender para ir diante do Conselho, para ser aceito pelo rei.-ele olhou-me com preocupação.
-Lembro-me...-murmurei ainda sentida.
-Quero que seja aceita daqui a cem anos, que me encha de orgulho diante do rei, que seja a melhor, a mais bonita das vampiras.-dizendo isso beijou minha testa e continuou.-Em quatrocentos anos de vida jamais levei um pupilo diante do Conselho, você será a primeira, a única.-ele falou e suas palavras me fizeram tremer.-Será uma noite para lembrar eternamente, pois estarei conduzindo a minha escolhida, a filha de meu sangue, o sangue do favorito do rei.-seus olhos brilharam fascinados.-Tenho uma grande responsabilidade com você.-esclarecia.-E quando for testada tenho certeza que vai ser aceita.
-Eu...Eu não havia pensado nisso...-tomei consciência dos meus deveres diante de Jan Kmam, de seu mundo...Nosso mundo.
Fazia seis meses que havíamos mudado para o apartamento no Quartier Latin, que surgiu como indicação de Otávio.Na verdade, detestava a interferência dele em nossa vida. E desde então comecei a tomar aulas,que segundo ele me faria mais forte e tolerante.
-Sinto muito se o decepcionei. -segurava sua mão,olhava dentro de seus olhos. -Nesses últimos seis meses venho treinando, mas não consigo ir além, e Otávio...
-Kara não há decepção, apenas esqueça Otávio, ele não tem direito, ou poderes sobre você, enquanto eu existir, e como sabe, vou viver para sempre.-murmurou junto ao meu ouvido já me abraçando com muito carinho.Tocando meus cabelos, os cachos, cheirando-os com o olhar morno.
-Mas se algo acontecesse,quem teria direitos sobre mim.Já que sou “criança”.-quis saber curiosa.Jan demorou a responder.-Então?-falei preocupada, enquanto segurava seus ombros.
-Se algo me acontecer ele fica com sua guarda.
Kara estava atenta às explicações, curiosa por mais informações, no entanto, como de costume Jan nada mais revelou.Ele sabia que era cedo para tanto.
-Quem decidirá isso, como?-perguntei apreensiva.
-O rei decidirá, claro, ele pode determinar o contrário.
Enquanto revelava migalhas de um mundo de leis e regras Jan Kmam viu Kara preocupar-se docemente. Ela erguia as sobrancelhas, mordia os lábios. Mas a brincadeira perdeu a graça quando ao sondar sua mente e ouvir suas dúvidas sobre os demais vampiros, sobre o Conselho, o vampiro viu imagens e nelas a verdade! Como ela podia ver o salão do Conselho? Ele libertou sua mente delicadamente sem que ela sentisse e a tomou nos braços, afinal ardia de desejo, fome dela, do seu sangue. Kara o seduzia a cada novo minuto e gesto, com seus gritos, explosões. Intensa, impulsiva, forte, corajosa, teimosa. E ao mesmo tempo doce, suave, feminina ao extremo, a ponto de sufocá-lo com sua fragrância, o modo delicado como o tocava ainda tão mortal.
-Eu não vou morrer, ou sumir, acalme seu coração. -brincou.-Vai ter de me aturar por muitos séculos ainda, minha rosa.
Deixou seus lábios tocarem os seus delicadamente. E eles eram macios como pétalas de uma rosa, rosados, por vezes tão rubros banhados com seu sangue. A ouviu arquejar baixinho, o coração teimoso saltou no peito, vivo. Aos poucos foi fazendo pressão, a língua sondava a boca pequena e por fim o beijo surgiu intenso. Deixou que suas mãos percorressem suas costas, sobre a camisa branca. Para tirar sua atenção ela insistia em vestir uma calça negra. O tecido colava-se ao corpo esguio, pequeno e tudo que Jan ansiava era tocar suas curvas. Estava excitado, faminto e quando a ergueu nos braços, indo para o quarto a ouviu murmurar:
-A aula acabou?
-Sim, acabou, mas agora começa outra.
-Qual?-disse mansa, morna, fitando-o apaixonada.
-Como fugir de Jan Kmam.-brincou perigoso.-Pois não pretendo sair esta noite, não com tal ânimo.-murmurou mordiscando seus lábios.
-E quem disse que eu desejo fugir.
Kara respondeu atiçando um pouco mais.

Continua...

Cena do próximo capitulo

“__Kara?!
Jan Kmam largou o livro e antes que tocasse o chão segurou-me pela cintura. Meu grito o fez afastar as mãos imediatamente. Olhava-me confuso, preocupado.
__O que houve...?Você está sangrando! __disse fitando as próprias mãos cobertas de sangue.__O que aconteceu Kara?__estava apreensivo, tocou meu rosto.__Fale comigo, por favor.__pediu vendo-me agarrada a seu ombro e por fim fraquejar.”

segunda-feira, novembro 05, 2007



(imagem de Ludovic Goubet,Grande Fotografo)




Quer ler Alma & Sangue 1/2 ?

Dia 09/11/2007 publicarei a o primeiro capitulo da história que liga o "Alma & Sangue,O Despertar do vampiro" ao "Alma & Sangue,II" Aqui no blog~.Infelizmente~ainda não é a continuação,o livro II,mas é um paliativo para nossa saudade,espero que gostem e deixem seu recados.

beijos mordidos!



Os Homens do Livro "Alma &Sangue,O despertar do Vampiro"Ganharam vida atraves da arte de Andrea Candido,uma artista de mão cheia.Para conferir como eles ficaram basta acessar meu perfil,album de fotografias ou no blog.Obrigada pelo carinho. Não ficaram lindos!Beijos Mordidos!!

sexta-feira, novembro 02, 2007

Alma & Sangue 1/2

(Imagem de Vitoria Frances)


I Capitulo - Aprendizado

-Mais forte Kara!- Jan gritou irritado. -Está lutando e não tocando piano!
Jan Kmam andava pela sala, sondado meus golpes. Movia-me de espada em punho tentando me proteger de suas investidas rápidas, violentas, mas não conseguia fugir, defender-me com rapidez, era lenta, sentia as mãos doerem, sangrarem e quando cai no chão indefesa aos golpes de Jan Kmam pela terceira vez ele me fitou com aborrecimento, mas estendeu-me a mão que recusei de imediato. Fiquei de pé e me coloquei novamente em posição de combate. Jan deu-me as costas e sem que esperasse voltou-se rapidamente em ataque, ergui a espada e tentei segurar o golpe, mas falhei e cai novamente.
Breve continua...

sábado, agosto 18, 2007




Mais um presente da Andréa Cândido,agora são todas as mulheres de Alma e Sangue.Ficou lindo!

quarta-feira, agosto 08, 2007




Este é o pulso de Eliane Juliatto,uma fã e amiga,que no dia do seu aniversario resolveu fazer uma homenagem ao livro "Alma & Sangue,O despertar do Vampiro".Eu agradeço e a parabenizo por tão bela rosa.



Ela fez a tatoo no dia de seu aniversario dia 18/06.Não ficou linda?Beijos Eliane!

Noticias



Um jovem chamada Andréa Cândido criou apartir de sua imaginação e do que leu no livro "Alma e Sangue,O despertar do Vampiro" Duas Dolls.

Kara em traje de festa e vampira e Kara ainda mortal.



Vejam o que vocês acham.


beijos mordidos sempre!!

quarta-feira, julho 18, 2007

Configurações

Oi pessoal!
Estamos alterando as configurações do blog essa semana.
Não estranhem a bagunça.
A casa continua sendo de vocês.

segunda-feira, julho 02, 2007

Gustave Rohan

Gustave é ex-pupilo de Jan Kmam, um vampiro problema. Quando mortal foi assassino,ladrão, mendigo,quando por fim transformado em imortal descobriu o poder.Gustave é provavelmente um dos poucos erros de Jan Kmam. Do mestre Gustave herdou somente o gosto pelo sangue, o luxo e a riqueza, nada mais absorveu. Avesso às leis que regem o mundo vampiro Gustave só sente prazer em ir contra tudo e contra todos. O que só o levou a exclusão, transformou-se num ninguém aos olhos dos demais vampiros. E para vingar-se Gustave só deseja destruir Jan Kmam, possuir tudo que lhe pertencer. Nesse jogo de morte ninguém está seguro a sua presença. Insano, cruel, devasso, imoral este é Gustave Rohan.

Ariel Simon,

Ariel, ou o “Anjo vermelho” como carinhosamente é chamado pelos que o amam. É o quarto rei vampiro, o que há mais tempo esta no poder. O que significa dois mil anos de reinado. Seus olhos verde esmeralda viram um oceano de tempo deslizar nos muitos lugares do mundo onde viveu. Poderoso, magnífico, justo, inteligente, ele faz as leis do mundo vampiro civilizado serem obedecidas com mão de ferro. Junto dele a Ordem dos Pacificadores, o Conselho, o Livro. E muito outros poderes ainda não revelados. Por vezes um menino brincalhão, de sorriso encantador, cheio de promessas. Coleciona armas, amores, amantes. Ruivo, alto, compleição definida, Ariel foi transformado em vampiro ainda muito jovem, mas basta olhar demoradamente em seus olhos para mergulhar dentro da historia de mortais e imortais. Sensual, Ariel sabe amar homens e mulheres, vampiros e vampiras e conseguir deles tudo que deseja. Solitário, Ariel vive preso a “coroa”, o melhor dizer, “anel de rubi”, símbolo de seu poder e responsabilidade?

Otávio

Ele é o mestre de Jan Kmam, foi graças ao seu sangue imortal que Jan Kmam voltou dos mortos. Otávio é a imagem de um vampiro maduro, poderoso, antigo, misterioso. Detrás de sua retina castanha existe um mundo de revelações, segredos. E, em seus lábios carnudos a imortalidade ou a morte surge em forma de beijo. Otávio tem a compleição de um soldado romano, a postura de um Cônsul. Sua autoridade esta na face dura, nos cabelos rentes a sua cabeça angulosa, nos gestos firmes, contidos, na elegância de seus movimentos. Mas o tempo o suavizou, e em ALMA E SANGUE, O despertar do Vampiro, vemos um Otávio mais leve, preocupado com suas roupas caras, em se divertir com damas e criados. Otávio tem muito a nos dizer em breve.

Jan Kmam

É um vampiro a mais de quatrocentos anos. Ele é o favorito do rei dos vampiros, Ariel Simon. Culto, poderoso, determinado, bonito, elegante, másculo. Alto, forte, cabelos na altura dos ombros, loiros, lisos. Olhos azuis encantadores, um sorriso digno de um anjo, mas cheio de malicia. Kmam aprecia sua condição de vampiro, assim como a liberdade, poderes e prazeres que a imortalidade lhe oferece. Em seu coração imortal existe bondade, mas num piscar de olhos se transforma no mais cruel dos predadores, ou no maior dos devassos. Sua sagacidade e humor beiram a realeza. Em seus olhos um convite a homens e mulheres que toma sem remorsos. Mas em seu coração frio, morto ele guarda um grande amor, ele tem a face, o perfume, o riso de Kara Ramos. A reencarnação do amor perdido, a fonte de toda sua dor e alegria. Junto com ela renasce o desejo de vingar-se de um de seus inimigos. Cabeças vão rolar e certamente não será a sua.

Poemas de Kmam e Kara

"Fale-me de amor.
Fale-me de sangue.
Permita que te toque como ninguém
jamais tocou.
Sou sua vida e sua morte.
Sou o desejo vivo que corre por suas veias.
Eu te desejo."
Jan Kmam

"Sou a lua dentro da tua noite.
A boca que te beija.
O fogo que te consome o corpo e a alma
imortal.
Sou a rosa sangrenta que colheu no jardim da
vida. Sou a alma imortal que escolheu para
amar por toda eternidade."
Kara

Para Kara, a vampira.

A minha alma solitária esta cansada de vagar por cemitérios vazios.
Buscando sua sombra amada.
Há séculos te busco em cada fêmea mortal.
Onde se escondeu?
Meus olhos perdem a capacidade de ver, pois só enxergam o vazio.
Preciso tê-la de volta, sentir a maceis de seus lábios sobre os meus.
Preciso desesperadamente cobri-me com o véu negro de teus cabelos.
Alimenta-me com tuas lágrimas tintas e faz meu coração bater
No que me transformei?
O que sou sem você?

Meu coração negro tornou um deserto.
Tua ausência me tornou feroz.
E de meus olhos caem lágrimas negras.
Estou morrendo a cada noite que nasce.
Saudade e desejo se confundem.

Meu coração clama pelo seu.
Grito seu nome para a noite e não há resposta.
Volte para meus braços, não deixei sozinho na eternidade.
Meu coração esta morrendo...
Preciso do seu calor.
Preciso ser seu, preciso de você!
Meu coração vampiro pertence a
Kara, a vampira.

Jan Kmam, o vampiro

Sou Jan Kmam, imortal, vampiro.
Vivo dentro de um coração mortal,
Em cada batida e estremecimento.
Sou os olhos dentro da noite.
A mão gelada, a carícia mais ousada,
O intruso que invade seu leito na madrugada,
Dentro de teus sonhos proibidos,
Para trazer prazer, relaxe...
Estou aqui, junto ao leito olhando seu corpo sob a camisola,
Eu vim para dar prazer, e roubar tua paz...
Sou um ladrão de almas,
Meus beijos são mordidos e cruéis, tintos,
Mas o prazer é enorme.

Eu quero seu sangue e sua alma.
Sou um vampiro, mas sou um homem.
Jamais deixarei de ser o que deseja, minha rosa tinta.
Apenas sonhe comigo e deixe que eu torne tudo real,
Ela é minha senhora, sou seu escravo e seus cabelos negros,
Os cachos são minhas cadeias.
Eu te amo e ainda posso sentir seu sabor em minha boca.
Meu corpo ainda arde de desejo.
Tenho a suavidade de sua pele sob meus dedos.
E quando lembro que a tive plena e nua, estremeço;
Não posso te matar é minha amante, minha senhora.
Deixa que viva em seu coração, detrás de seus olhos.

Sou o desejo que arde em seu corpo,
A febre, o delírio que te arrasta do leito,
Que te leva a janela para fitar a noite buscando-me incansável,
Divagar sobre o papel e escrever meu nome mil vezes.
Eu sou o beijo descuidado, a suave carícia sobre teus lábios,
Não tenha medo de nosso segredo.
Minha fada, minha bruxa, minha vampira.
Sonho com você quando o dia desliza sobre nossa “ilha”.

E tudo que anseio é tê-la em meus braços dentro do caixão.
Dar-te-ei meu sangue, a mordida impregnada de imortalidade e fome.
Não me busque, eu sei onde está senhora de minha morte.
Fecho os olhos e sinto seu cheiro, o sabor de sua pele.
A carícia de teus seios junto ao meu peito nu,
A maceis dos teus seios me enlouquece...
Tuas ancas, a curva doce da cintura que insisto em morder,
Tuas mãos me buscando trêmulas e podem criar uma tempestade de sangue.

Ah! Mulher, vampira, bruxa maldita eu te amo!
Quero matar-te.
E seu último suspiro eu colherei com minha boca,
Morrerás em meus braços, deixa-me te levar comigo, dentro de minhas veias,
Pequenina, senhora de cachos negros, boca de botão, boneca de porcelana.
Nas trevas de meu mundo o meu olhar vai te iluminar.
Mas em troca quero ouvir as palavras que me negas, pequena teimosa!
__“Eu te amo Jan Kmam”.