sábado, dezembro 01, 2007



Kara e Jan Kmam

Por

Nazarethe Fonseca
Todos os direitos reservados a Autora®


Capítulo IV– Perguntas Sem Respostas.


O vampiro sentiu o odor alucinante do medo, do desejo, estava misturado ao suor da mortal, ao perfume suave que ela usava. Mas o olhar claro o desafiava a prosseguir, entregava-se a sua fome. Em seus olhos claros a mesma pergunta?
“-É a ultima vez?”
O sangue corria ligeiro em suas veias, o calor da pele, o coração batendo ligeiro, numa agonia conhecida... O Vampiro abocanhou a carne, a pressão dos lábios a fez gemer, a expectativa cresceu, os caninos perfuraram a carne, ela exclamou algo, sentiu dor, porque não haveria?Ela sempre existiria rodeada pelo prazer do beijo vampiro que dá e toma impiedoso.
Imóvel, trêmula sentiu a pressão aumentar.A mão do vampiro cobria o seio róseo, os lábios sobre a garganta frágil, os caninos cravados na carne. Ele sugava de olhos fechados e quando os abriu havia neles um brilho estranho. Afastou os caninos,arfante e a viu pestanejar quase desfalecida, a tomou nos braços e levou para o quarto. Exausta Alma adormeceu nos braços de Jan Kmam, e assim ficou por uma hora. Ele esperou, tinha tempo e enquanto a mortal se refazia, brincou com seus cabelos loiros entre os dedos. Era impossível a ele não fazer comparações, perguntas. A situação era absurda, atípica.A observava até a exaustão buscando o motivo?
Sondava os mistérios de sua face, de seu corpo, viu sua pele arrepiar-se, ela estava com frio. Puxou o lençol e antes de ocultar os seios perfeitos quase buscou a rosa tatuada, afinal eram idênticas. Cobriu-a cuidadoso, tinha saúde frágil. E ali entregue aquele doce “pecado”, perguntou-se porque estava na cama com uma copia perfeita de Valeria, ou seria Thais, ou Kara? Cabelos tão dourados quanto o sol, a mesma altura, o tom da voz, alguns sinais, as formas do corpo... Os pés pequeninos, o desenho de suas orelhas.
Isso o vem torturando, o deixando dividido, culpado. Ele compreende que vêem mentindo para sua amada há meses. Como começou?Como termina? Ele não saberia dizer. Era uma estranha até um ano atrás, só mais uma vitima, mas ao ver sua face sob a luz do poste Jan Kmam se deteve. Confuso, seguiu a mortal até sua casa e esperou vigiando-a pelas janelas buscando respostas. Estancou diante da porta, a seguia pelas janelas de vidro e ao sentir cheiro de sangue entrou pela janela quebrando os vidros.
O vampiro a encontrou dentro da banheira, os pulsos cortados, a consciência se perdendo dentro de um rio de sangue. Ela o fitava e sorria, estava muito longe,perdida na lassidão da perca de sangue,mergulhada na ilusão que morreria. Jan Kmam não pode permitir, não podia deixá-la morrer sem respostas... Fechou os cortes com seu sangue, somente o suficiente para não morresse. Esperou que despertasse ainda sentindo o sabor de seu sangue na boca.
“-Como é seu nome?
“-Alma...O que aconteceu?
“-Tentou matar-se, eu não permiti. -Jan falou com tranqüilidade observando-a sentada no leito,estava bastante pálida.
“-Quem é você?-disse fitando os pulsos buscando os cortes.
“-Alguém que deseja que continue viva.-resumiu.
“-Saia!Saia daqui...-pediu ríspida,envergonhada.
“-Não é tão fácil assim.
“-O que fez,como fechou os cortes?
“-A presenteie com algo que desejava. -Jan falou de posse de sua carta de suicídio.-Saúde,vamos ver quanto tempo dura.-ele resumiu,pois não sentia mais em sua presença o cheiro da doença.
“-O que deseja afinal?
“-Respostas.-disse muito firme.-De que parte da França sua família vem?
“-Provença...-ela o olhou e ligou o abajur.
Debaixo da luz a beleza singular de Jan Kmam ficou evidente assim como o toque de sua imortalidade. Ele sentiu o toque de seus olhos sobre seu corpo, nos lábios, o modo como ela admirou seus cabelos tão loiros quanto os dela.Em sua mente ela compreendia que estava diante de um homem “diferente”.
“-O que é você afinal, a morte?
“-Ela jamais me aceitou na sua folha de pagamento, apesar de ajudá-la há muitos anos. Olhe para mim. -Jan ordenou e viu nos olhos verdes uma mulher que julgou já estar em seus braços.-“Ninfa”.-murmurou.
“-Preciso ir. -falou fitando a noite através das janelas.-Mas tenha certeza de que voltarei.Quero que me prometa uma coisa.
“-O que quer de mim?Estou morrendo,leu minha carta,tenho um câncer muito agressivo....
“-Digamos que eu o “controlei”, que te dei mais tempo. Então me prometa que não vai tentar novamente.
“-Não vou te prometer nada...
“-Qual o motivo? Porque vai se matar dessa vez,porque foi salva?
“-Meta-se com sua vida, eu cuido da minha.
“-Sua vida agora me pertence. Você me deve algo.-Jan falou ficando de pé junto a cama.-Prometa.-ordenou.
“-Eu...
“-Depressa Alma,minha paciência se esgota.
“-Eu prometo.
“-Ótimo.-Jan tocou seu rosto e sorriu.
“-Qual seu nome?-ela quis saber mais tranqüila.
“-A cura.
Jan Kmam deixou o quarto e antes que ela pudesse o seguir pela casa sumiu.Na noite seguinte voltou e se deparou com uma mulher mais tranqüila, arrumada, trabalhando. Desde que descobriu o câncer Alma vinha sofrendo com dores, nenhum dos tratamentos se mostrou eficaz e ela morria aos poucos.
A princípio Jan acreditou que a mataria, entretanto, isso não aconteceu, não conseguia, seria o mesmo que tentar matar Valeria, Thais ou Kara. Confuso hesitava apesar de Alma esperar o ataque sem medo algum. Ele voltava e silenciosamente a observava por horas intermináveis mudo.Alma lhe fazia pergunta,que muitas vezes não eram respondidas,quando isso acontecia, agia como se ele não estivesse na casa,apenas sentava-se e escrevia,movia-se por seu mundo. Enquanto ele buscava uma explicação lógica. Quando se sentiu segurou falou o que realmente era, um vampiro, nada de revelações maiores conversas simples cotidianas. Todavia, ficou claro para Alma que o vampiro nutria por ela desejo, estava no modo que seu olhar azul a fitava. Ela também se sentia atraída por ele, como não sentir, era magnífico. O corpo, sempre tão bem vestido e mesmo quando surgia a sua porta de jeans, camiseta e jaqueta de couro. Seu corpo reagia ao dele.

Segunda Parte


Cansada de observar e ser observada deu o primeiro passo, esperou sua visita e quando o viu sentar-se na poltrona que sempre ocupava.Ficou a sua frente e despiu-se a sua frente. Jan apenas a observou mover-se suavemente,entregar-se a ele,demonstra que o desejava.Ele ficou de pé e a rodeou,não a tocou simplesmente se inclinou e murmurou junto aos seus lábios,sem tocá-los.
“-Você não tem o direito de me seduzir.
A deixou sozinha no meio da sala e sumiu por um mês e Alma acreditou tê-lo perdido. Entretanto ele voltou e quando se sentou calmamente disse seguro:
“-Tocar você se tornou uma necessidade. Todavia, não espere tocar meu coração, ele tem uma dona”.
A verdade era necessária e não foi dita em tom humilhante,ele apenas deixou claro a Alma que jamais o teria completamente.
“-São dois passos Alma.-disse referindo-se a distância física entre que os separava.-Se der tais passos,deve estar pronta para suportar a solidão de minha companhia,o doloroso prazer de meus beijos.O silêncio de meu coração,não será minha amante,será parte somente de meu desejo.Quero tocá-la,possuir sua carne,sentir seu corpo,mas não sei porquanto tempo.Portanto a escolha eu lhe dou,ela não será minha.
Alma deu os dois passos, enquanto desatava o nó do roupão, e se aproximou entregou-se a ele sem reservas, sem perguntas, apenas o esperava, o possuía do seu modo. E era deste modo que ele vinha lidando com aquele estranho fenômeno chamado “Alma”.
-Você brigou com Kara novamente?
Alma havia despertado tirando Jan Kmam de seus pensamentos e lembranças,mas não se moveu,continuou quieta.
-É isso que pensa?Que só te procuro quando discuto com Kara?
-Apenas... Tive um pesadelo e os vi.
-Precisa dormir mais Alma. -Jan Kmam afirmou.
-Há muito a ser escrito, e o dia me parece muito curto, além disso, tenho pouco tempo. -Alma argumentou apoiando-se sobre o corpo nu de Jan Kmam.
-Apenas durma lhe fará bem. Preciso obrigá-la?
-Não gosto de dormir... -percebendo o olhar do vampiro sobre ela remendou. -Vou tentar, prometo.
Jan fitou seu braço e viu uma marca roxa.
-Te machuquei. -revelou pensativo.
-Não. São as marcas da tempestade. –divagou e tocou os cabelos claros. –Por que não me mata?O que pensa quando me olha por horas?
-Alma,já falamos sobre essas perguntas,não?
-Tenho curiosidade... Nada sei... Porque sonho com você?
-Quando curei seus cortes te dei parte de mim, quando te possuo também te levo comigo.
-O que sou?
-Uma mulher,uma mortal linda,um mistério.-falou pensativo.
-Eu vou morrer, então o que te impede de falar, de me dizer quem é você.
-Sabes muito, o suficiente para ser morta, teu sucesso, é a única coisa que te mantém viva. Eu não vou tolerar tuas perguntas.
-Melhor ir embora. -ela avisou afastando-se dele ressentida.
-Irei quando quiser Alma. Não gaste seu tempo me convidando a fazê-lo.
-O sol surge. -avisou seca já saindo do leito.
-Uma pergunta e mais nada. -ele afirmou fazendo-a sorrir. –Use está oportunidade com sabedoria.
-Como ela é, Kara?
-Realmente, o sol surge. -Jan Kmam disse saindo do leito, para vestir-se.
Alma compreendeu que havia ido longe demais e calou-se, afinal, pouco sabia da vampira que possuía aquele vampiro por completo. A invejava, e ao mesmo tempo admirava como ela seria, bela, forte? O que havia feito para tê-lo por completo?Alma vestiu o roupão e o viu arrumar-se lentamente. Estava de partida, caminhou até a sala e Alma o seguiu muda, pensativa, pronta para vê-lo sumir na madrugada. Jan Kmam parou antes de abrir a porta e a segurou pelos ombros e a beijou longamente.
-Ela é tão bela quanto tu eis. Pois, no jardim da vida, eu tenho direito, creio, a colher mais de uma rosa. Naquela madrugada Jan Kmam deixou a casa de Alma com algumas certezas, e dentro de sua constante interrogação não sentiu a presença de um velho conhecido. Além mais conhecia seu segredo. A cidade parecia cheia de surpresas. E Jan Kmam estava prestes a descobrir isso de modo bastante doloroso.

Continua...

Cena do próximo capítulo...



-Não disponho de tempo Bruce.-Jan disse puxando a mão suavemente.
-O que vou lhe revelar vai salvar sua pupila, a si mesmo. -disse soltando a mão de Jan.- Uns poucos minutos dentro de uma eternidade. Afinal em nosso mundo tudo beira o crime e a punição.
-Do que está falando?
-Do seu futuro Jan Kmam, ele corre perigo.
-Vá direto ao ponto. -Jan insistiu perdendo a paciência.
-Estou falando do passado, do rei e de Blanca,a pupila de Lothar.Você precisa saber a verdade agora.-insistiu e seus caninos surgiram entre os lábios.

8 comentários:

Anônimo disse...

Well... Simpatizei um pouco mais com a Alma agora. Toda mulher tem o direito de ser amada e não é nossa culpa que o sujeito tenha feito questão de mijar fora do penico. Rsrsrssss!
Mas olhando pelo lado do Jan, tb torna-se compreensível... Ele vive há séculos e em séculos conheceu muitas mulheres. Seria mesmo difícil se manter fiel a apenas uma, apesar de amor verdadeiro. Se esses baicús mortais por aí não fazem isso, por que Jan faria? Haha!
Espero pelo próximo capítulo, Nazarethe!
Beijos!

Telminha disse...

Para ser bem sincera, eu não gostei dessa nova personagem. Eu acredito que o alicerce do seu maravilhoso livro é a história de amor de Kara e Jan e colocar uma nova personagem feminina entre os dois não me parece certo; não acredito em uma explicação para a divsão do amor de Jan por duas mulheres, mesmo sendo um imortal e tal. A personagem central e mais querida é Kara e agora que ela já é uma imortal tb, a história tem que ser desenrolada sobre esses dois personagens. por favor, Nazarethe, do mesmo jeito que criou essa personagem, desaparece com ela. risos. não se esquece que é mais fácil fazer um homem acreditar novamente na mulher, do que fazer uma mulher, principalmente como a nossa geniosa Kara, perdoar um homem que a tenha magoado. e tb, Kara não merece ficar competindo pelo amor de Jan, ele é dela e só dela e acabou.risos. escrevi demais, mais estou indignada. risos. beijos,Telma

Merideise disse...

É dificil, ainda não consegui formar uma opinião a respeito desse novo relacionamento, só entendo que na imortalidade alguns valores realmentes são bem diferentes dos nossos, e a traição do Jan consegue ser diferente pois é mais como um quebra-cabeça que ele está tentando montar é como se o destino estivesse brincando com ele e tentando fazê-lo ver que ele não é tão poderoso assim e nem sabe sobre tudo, a vida mesmo que eterna é sempre cheia de surpresas... Ufa, acho que me alonguei demais..rsrsrsrs,desculpe. Aguardo ansiosa o próximo capítulo
Bjs!!!

Julio Capistrano disse...

Mas que surpresa! Por essa traição eu realmente não esperava, apesar de que também não sou terminantemente contra. Vai servir para sabermos o desenrolar deste casal "perfeito". Hehe... Parabéns, Nazarethe, pelo ótimo trabalho! Muito sucesso sempre! Abraços!

Unknown disse...

Aii! Essa prévia dos dois livros estão mto legaiss""
To adorando..o Jan ta até traindo a Kara :o
nunka ia pensar isso..quero ver qndo ela descobrir!rs
Bjo!
Parabénss Nazarethe!!

Gi disse...

Nããããããããããão!!!!
Não gostei dessa Alma não... Se fosse vampira ue até perdoava...
Mas, se uma humana loira *ódio profundo de loiras* Como ela pode ter o Jan² eu também quero o Jan² pra mim...
Vida injusta de mortal!!! Buáááááááá!!!
Bom... Não sei... Concordo com a Telma de novo... Ela pode até lembrar todas elas... Mas, o Jan² não é tão gostoso ass... não espera... ele é sim, pra merecer duas e muito mais... Mas, ele tem que ser fiel... Se ele não for como nós, mulheres chocadas, apaixonadas e abandonadas poderemos confiar nos mortais???
Mas... Eu ainda tenho fé q a Kara vai matar ela "acidentalmente"...
Ok... eu admito.. Tenho tendências homicidas... Mas, essa Alma merece...
Na briga entre ela e o câncer.. Tô torcendo pro câncer...

Mas.. Realmente... Ainda sou sua fã.. (apesar de vc ter colocado uma loira sortuda no meio da história)... Pra vc ver como vc escreve bem... Geralmente eu me desinteresso quando aparece algo tipo essa Alma aí no meio do caminho... Mas, vc conseguiu continuar prendendo minha atenção...
Parabéns e continue escrevendo assim!!!

Viviane disse...

Olha Nazarethe definitivamente não estou gostando nem um pouco dessa Alma que você me arranjou! O cerne da história do Alma e Sangue é o AMOR incondicional de Jan e Kara, é esse amor que tem que estar forte como aço para os momentos de desespero que eles vão enfrentar! Afinal no final do livro a Kara foi sequestrada em São Luiz!!! Tanto ela quanto Jan vão passar por situações muito difíceis e como vai ser se ainda por cima o sentimento de ambos estiver abalado????? Ele batalhou muito para ficar com Kara e agora me arranjar essa Alma para amante, não sei não, independente de ser ele imortal e poder ter tido zilhões de mulheres, ele ESCOLHEU Kara para ser a companheira dele, logo, ele deveria ser fiel a ela e essa situação o deixa desgostoso,tanto que ele mesmo não está confortável com o que ele anda fazendo, ele sabe que está pisando na bola! Eu não simpatizei com a Alma, mesmo com a doença dela, ela não tinha nada que se meter entre esses dois!!!! E é bom que a Kara não chegue nem perto dessa Alma, senão ela vai ver só o que é uma vampira geniosa e furiosa!!!! Se a Kara pega a Alma vai ser uma cena linda!!!! HAHAHAHA Ela vai trucidar essa fulana!!! Desculpe, acho que me empolguei !!! rsrsrs
Elisa me desculpe, mas não acho compreensível Jan trair a Kara não, tive a impressão que ele foi fiel tanto a esposa como a Thais, depois dela e por que com Kara deveria ser diferente? Eles pertencem um ao outro e não consigo vislumbrar nada de bom nem para Kara nem para Jan se essa relação ficar vulnerável!!!!

Jullya Mack Breau disse...

É estranho ver Jan desejando uma outra mulher, afinal, ele dizia-se tão "entregue".... É estranhíssimo imaginá-lo divido, com dois amores, diferentes e ao mesmo tempo, tão iguais. Vale ressaltar que o amor deles é egoísta, eterno. Será que esta é a crise inicial de (quase) todos os casamentos??